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Aramis

Os grandes temas nos compactos de Pereira

Ao lado dos magníficos lps - "Música Popular do Centro-Oeste/Sudeste" (4 discos), "Cartola", "Fados Brasileiros" (com a cantora Paula Ribas) e "Viva o Samba" (com Osvaldinho da Cuíca e o Grupo Vai-Vai), o publicitário Marcus Pereira, marcando o início de suas atividades no mercado fotográfico - animado pelo sucesso de sua histórica coleção "Musica Popular do Nordeste", que lhe valeu em 1973 o troféu "Estácio de Sá" do Museu da Imagem e do Som-Guanabara, está também colocando nas lojas três compactos duplos do mais alto nível. Com dois deles inicia uma série interessantíssima: "Temas". É um exemplo de idéia simples mas revolucionária em discos: selecionar músicas de bons compositores que falam do mesmo assunto e agrupá-las num só disco, muito bem feito. Os dois compactos iniciais, "Mulher se Queixando do Homem" e "Rotina", reúnem o que os compositores brasileiros fizeram de mais bonito, explorando esses temas. Depois virão muitos outros compactos sobre "Reconciliação", "Solidão", "Amor Proibido", "Fim de Caso", "Homem se Queixando de Mulher", "Solidariedade" etc. É fácil prever a grande receptividade destes lançamentos: os compradores dos 2 primeiros compactos continuarão comprando, para formar uma coleção completa. Mais ou menos o que acontece quando se compra um fascículo em bancas de jornais ou quando se assiste um capítulo de novela. Em "Mulher se Queixando de Homem", temos uma cantora-revelação, Ivete, cantando "Cabocla" de maranhão (com a participação de Eduardo Conde), "Meu Moreno Fez Bobagem" de Assis Valente (1911-1958), "Atrás da Porta", de Chico Buarque e Francis Hime e "Com Açúcar e Com Afeto" de Chico Buarque. Já em "Rotina", temos Eduardo Conde, bom cantor que fez há uns 7 anos passados um bonito lp na Philips, morou nos EUA e em 1972, ao voltar ao Brasil, foi contratado por Altair Lima para viver o Jesus Cristo em "Superstar". Aqui ele canta "Cotidiano" de Chico, "Comprimido" de Paulinho da Viola, "Movimento dos Barcos" de Macalé e "Pois é Prá Que" de Sidney Miller. Outra coleção que os Discos Marcus Pereira iniciam é "Gente Nova". No volume 1 estão os compositores participantes da I Feira Estudantil do Som, promovida pela TV - Bandeirantes, Canal 13, de São Paulo. Hélio Braz interpreta sua composição "Canto Corrido", em que teve como parceiro Antonio Jorge Portugal. Já Eduardo Veronezi mostra seu "Samba de Branco", Jozil canta "Nada da Cabeça" de Betina Rugna e Cecília Andrade, enquanto José Augusto Dominicone e Francisco Neves Ferrão interpretam sua música "Só Tinha Besta no Nome". Sem dúvida, lançamentos em compactos dos mais interessantes, confirmando assim a seriedade das edições de Marcus Pereira. Livro A boa seleta de Herberto Salles A Livraria José Olympio Editora, dando prosseguimento a vitoriosa iniciativa da Coleção Brasil Moço, dirigida pelo Prof. Paulo Rônai, acaba de publicar a Seleta de Herberto Salles, organização, notas e estudos de Ivan Cavalcanti Proença. Criada para tornar conhecidos dos leitores jovens os escritores mais representativos da moderna literatura brasileira, a Coleção Brasil Moço, desde a edição de seu primeiro volume, dedicado a Carlos Drummond de Andrade, vem cumprindo fielmente os objetivos da editora, facilitando inclusive a tarefa de professores e estudantes de [português] e literatura, e formando, em verdade, uma verdadeira antologia das nossas letras [contemporâneas]. Apresentando características nitidamente didática, os volumes da Coleção selecionam, na obra de cada autor, os excertos mais significativos em prosa ou verso, de maneira a facilitar o conhecimento global dos recursos estilísticos utilizados, a visão do mundo que nos transmitem e os aspectos mais característicos da cultura brasileira de hoje. A Seleta de Herberto Salles, portanto, organizada dentro desta mesma orientação, apresenta aos leitores a obra de um dos melhores ficcionistas da atualidade onde Cascalho, Além dos marimbus e Dados biográficos do finado Marcelino, romances, e Histórias ordinárias, O lobisomem e Uma telha de menos, contos, revelam um escritor de primeiro plano, um [autêntico] criador de tipos, e um perfeito narrador de histórias, costumes e paisagens. Regionalista no melhor sentido sociológico e geográfico do termo, Herberto Salles, entretanto, projeta-se nacionalmente em todo o Brasil pelo vigor e autenticidade de suas personagens criadas a partir do ambiente físico e humano de sua província baiana, onde se fundem e interpenetram valores a dura realidade da formação e continuidade brasileira em termos de uma arte literária também nossa. A 13ª edição das Floradas A Editora José Olympio está lançando a 13ª edição do famoso romance de Diah Silveira de Queiroz, "Floradas na Serra" que em 1955 foi adaptado para o cinema. O filme, rodado em Campos do Jordão, teve nos principais papéis a saudosa Cacilda Becker e Jardel Filho em excelente desempenho, que o tornaram sucesso de bilheteria naquela época. Sobre a autora assim se expressou o escritor José Lins do Rego: "Registra-se em Diah Silveira de Queiroz a feminilidade de sua prosa, a graça de mulher que há na sua expressão literária. Ela não contraria o seu sexo para compor. Pelo contrário, é, assim como a Comtesse de Noailles, uma fonte cantando num jardim. O estilo é sóbrio, mas tem sempre o que dar em cor e música. É atraente, tem gosto de gruta e o cheiro das flores da serra". Um volume de 180 páginas - Cr$ 15,00. xxx A Editora José Olympio, atendendo à contínua demanda deste romance de Lygia Fagundes Telles, acaba de lançar a 3ª edição de "As meninas", que vem se mantendo nas listas de "best-sellers" desde o seu aparecimento em novembro do ano passado. E que fez com que Carlos Drummond de Andrade exclamasse: "Que beleza, que força, que matéria viva e lancinante em "As meninas" e que Rubem Braga concluísse: "Desta vez Lygia acertou em cheio, fez um romance que vai perturbar mesmo - e estou contente com isso". Um volume de 280 páginas com capa de Eugênio Hirsch - Cr$ 28,00.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal do Espetáculo
12
20/07/1974

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