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Aramis

Os documentários que a Prefeitura poderia ajudar a fazer em Curitiba

O pintor Theodoro De Bona faleceu, dia 19 último, sem assistir o vídeo "De Bona - Caro Nome" que os irmãos gêmeos Werner e Willy Schumann fizeram em sua homenagem. Embora concluído no início do mês, este documentário narrando de forma didática a vida e obra do pintor nascido em Morretes, não teve condições de ser exibido para De Bona, já gravemente enfermo. Independente de apreciações estéticas sobre o vídeo - acadêmico em sua narrativa e com algumas citações cinematográficas (como, explicitamente, a de "Fitzcarraldo", de Werner Herzog, na seqüência de Paranaguá), o trabalho tem sua validade, especialmente por documentar a vida um de nosso artistas plásticos. Também é um exemplo do muito que se poderia fazer graças a economia e portabilidade do vídeo para documentar pessoas, fatos e coisas do Paraná - especialmente de Curitiba, se existisse da parte dos donos do poder cultural real vontade de investir o mínimo na área. Embora com todas as limitações, Valêncio Xavier, diretor do Museu da Imagem e do Som, vem fazendo o que pode em fortalecer o vídeo. Promove cursos práticos - fotografia, montagem, iluminação, produção etc., e, com mínimos recursos, realiza vídeos, como os que fez com José Maria Santos (1936-1990) em seu último trabalho ("Mal", 1990) e o recém concluído documentário com fotos de Daniel Katz enquanto um outro, sobre a técnica de confeccionar e soltar balões, encontra-se atualmente em produção. Projetos para muitos outros existem, faltando apenas recursos. Quando deixou a Prefeitura, em março do ano passado, uma das últimas iniciativas de Roberto Requião foi transferir o equipamento de vídeo que estava junto ao seu gabinete para a Fucucu. Generosamente, Requião esperava que as câmeras e ilha de edição, junto a unidade responsável pela cultura e memória de Curitiba, pudessem ser utilizadas na realização de vídeos culturais. Infelizmente, nada aconteceu. Por tal incompetência da direção que ocupou a Fucucu, o equipamento ficou jogado num depósito, só saindo dali duas vezes. Uma para que o adolescente Guido Viaro (neto do pintor) pudesse realizar um vídeo de ficção, livremente inspirado no caso da "loira fantasma" (mesma temática que a cineastas Fernanda Morini aborda em seu curta, 35mm, rodado há um ano mas até hoje sem finalização). A outra "utilização" (sic) do vídeo foi uma tentativa frustrada de documentar o evento em homenagem a Paulo Leminski, realizado 3 meses após a sua morte, na pedreira. A intenção era fazer um vídeo usando duas câmeras e para tanto foi emprestada uma segunda unidade da Secretaria de Comunicação Social do Governo do Estado. Por falta de planejamento, improvisou-se uma "torre de filmagem" que caiu na hora da festa e com isto a Câmera emprestada do palácio espatifou-se. A Prefeitura, então, teve que ceder o seu aparelho, até que conseguiu recuperar a unidade avariada. Considerando que o equipamento nas mãos incompetentes da Fucucu de nada servia, afinal o prefeito Jaime Lerner se convenceu da necessidade do mesmo voltar ao gabinete e agora, operado pelo funcionário Carlos Deiró, mas limitado a fazer a documentação oficial (visitas as obras, inaugurações etc.). Embora este material possa ter validade no futuro, a existência de uma ilha de edição e equipamentos de filmagem, se bem aproveitada, poderia estimular a realização de vídeos mais criativos, documentando diferentes aspectos de Curitiba, dando oportunidade inclusive a videomakers, jovens que, entretanto, não dispõe de recursos para concretizarem seus projetos. Bastaria, portanto, uma coordenação eficiente, discussão de temas a serem desenvolvidos e, dentro de algum tempo, se teria vídeos marcantes de nossa cidade - seu povo, sua história.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
3
30/09/1990

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