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Os dicionários de Tupi, linguagem e da Bíblia

A Universidade Estadual de Londrina começa a entrar, para valer, na área editorial. Depois que a bibliotecária Leilah Santiago de Oliveira conseguiu desinterrar a caveira-de-burro que existia na editora da Universidade Federal do Paraná - e fazer a Scientia et Labor emplacar quase meia centena de bons títulos, em diversos gêneros, os professores do Norte também decidiram ter sua casa publicadora. Associada à pioneira, de São Paulo, saiu dentro da coleção Manuais de Estudo, o "Dicionário de Figuras de Linguagem", do professor Sebastião Cherubim, da cadeira de Língua Portuguesa, Estilística, Literatura Brasileira e Teoria da Literatura de Escola de Segundo e Terceiro Graus e nos cursos de Letras da Universidade Estadual de Londrina e da Faculdade de Ciências e Letras de Arapongas. Ao longo de 74 anos, Cherubim estuda as figuras de linguagem a partir da etimologia da palavra, seguindo-se a conceituação da figura de linguagem propriamente dita, como figura de pensamento de sintaxe, de metaplasmos etc., para cada caso apresentando exemplos de autores brasileiros e portugueses de várias épocas literárias. Sebastião Cherubim também faz numerosas observações de natureza estilística procurando mostrar a eficácia expressiva dos exemplos apresentados. Discute o problema da classificação das figuras de linguagem, fazendo uma abordagem da retórica como era concebida na Índia e na Grécia, mostrando como ela atravessou os séculos, teve algum desprestígio com a ascensão da burguesia e o surgimento do Romantismo, mas foi resgatada, no século XX, como um referencial teórico para os estudos de Estilística, Linguística e dos estudos da linguagem em geral, especialmente após Roman Jacobson e o chamado grupo dos teóricos de Liege. Obra destinada especialmente a professores - mas de interesse também a jornalistas, advogados, escritores etc., enfim aos que lidam com a palavra escrita - o "Dicionário de Figuras de Linguagem" é um importante destaque na obra do professor paranaense, cujo trabalho, portanto, merece um registro especial. xxx Outro dicionário especializado - e bastante interessante - é o que a Melhoramentos está lançando agora: "O Dicionário Histórico das Palavras Portuguesas de Origem Tupi", do professor Antônio Geraldo da Cunha, com prefácio do filólogo Antônio Houaiss (360 páginas, edição encadernada). Obra única, este dicionário busca trazer uma contribuição para os estudos da lexicografia histórica portuguesa. Assim, todos os verbetes contém, além do título, categoria gramatical (classe ou função), cronologia das variantes (ordenação cronológica ou lógica), etimologia (notícia histórica mais etimológica ou mera referência e ótimo hipotético), definição (concentração e/ou caracterização das diferentes acepções), digressão enciclopédica e passagens abonatórias numerosas e altamente credenciadas. Trocando em miúdos: uma espécie de quem é quem no mundo das palavras vindas do Tupi-Guarani e que, indicando acidentes geográficos, flora, fauna, objetos e mesmo comportamentos que se inserem em nosso dia a dia, mas cuja origem (e mesmo o significado mais explícito) são desconhecidos pela maioria. Por exemplo, copiar tem um significado em Tupi-Guarani diferente daquele pelo qual entendemos: é o alpendre na parte dianteira das choupanas indígenas, formado pelo prolongamento da cobertura - numa espécie de varanda. xxx Outro dicionário específico e curioso é o de Personagens Bíblicos, resultado de muitos anos de pesquisas do professor mineiro José Schiavo (Ponte Nova, MG, 1/7/1913). Em "Novo Dicionário de Personagens Bíblicos" (Editora Francisco Alves, 209 páginas), Schiavo, com sua experiência de profundo conhecedor do Velho Testamento, estabelece também seu "quem foi quem" dentro do livro dos livros, oferecendo, de forma objetiva, informações fundamentais sobre personagens que aparecem na Bíblia. xxx São dezenas de dicionários específicos, em diferentes ramos do conhecimento humano - sem falar nos das áreas técnicas e profissionais, que vêm merecendo atenção dos editores, já que são obras de permanência nos catálogos, com públicos sempre renovados. Seja o Aurelião, um dos pontos maiores de faturamento da Nova Fronteira - ou o Michaeles (cuja nova edição, condensada, com 688 páginas, a Melhoramentos acaba de fazer), aos mais específicos pais-dos-burros, as edições sucedem-se. A Best-Seller, por exemplo - que agora começa a ter uma presença mais atuante no Paraná, através de um escritório de vendas inaugurado há poucos dias, lançou uma nova edição do "Dicionário de Economia", de Paulo Sandroni (322 págians, NCz$ 700,00).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
24/01/1990

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