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Aramis

Os curtas e médias que não chegam aos cinemas

Como Francisco Alves dos Santos e Geraldo Pioli, do setor de cinema da Fucucu, estiveram em Gramado, assistindo o festival, é de se esperar que já tenham agilizada a inclusão de Curitiba no roteiro das salas especiais em que serão exibidos os curtas e médias, em 16 e 35mm, que ali foram levados. Nos próximos dias, no Cine Clube Estação Botafogo (Rio de Janeiro) e no Museu de Imagem e do Som (São Paulo) os interessantes filmes, nestas metragens, poderão ser vistos pelos interessados. Complementa-se assim, ao menos para os cinéfilos cariocas e paulistas (e Curitiba, como fica?) a chance de ter uma visão real daquilo que até agora só tomaram conhecimento pela imprensa nacional - generosa aliás, na cobertura do mais importante festival de cinema brasileiro. Se os seis longas exibidos na competição - e mais os três mostrados hors concours ("Que Bom te Ver Viva!", de Lúcia Murat; "Lua Cheia", de Alain Fresnot e "Lili, a Estrela do Crime", de Lui Faria) logo chegarão aos circuitos comerciais, dentro da disposição do diretor comercial da Embrafilme, Ney Sroulevich, em fazer com que de agora em diante a produção nacional não fique recebendo poeira nas prateleiras, o mesmo não se pode dizer em relação aos curtas em 35mm - e, especialmente, os que estão na bitola 16mm. Para os curtas cumprirem decreto - (aquele que obriga cada sessão de filme estrangeiro ter como complemento um curta nacional) há necessidade do Concine promover um júri, com a seleção dos trabalhos que tem qualidade para chegar ao circuito comercial. E este ano, até agora, não houve nenhuma reunião do júri - acumulando-se curtas a espera de uma definição. Com relação aos filmes em 16mm, então a situação é pior: estes só chegam mesmo em circuitos alternativos e, em Curitiba, uma sala que poderia abrigá-los seria o auditório Brasílio Itiberê, da Secretaria da Cultura. Mas por mais absurdo que pareça, esta sala está em obras há mais de um ano - sem previsão de conclusão. xxx A cobertura nacional destacou a qualidade dos curtas em 35mm, exibidos de 11 a 16 de junho, no Palácio dos Festivais, em Gramado, como complemento dos longas. Entretanto, os curtas e médias em 16mm, projetados no auditório Érico Veríssimo no Centro de Convenções Serrano não tiveram, infelizmente, a mesma divulgação. Este é um dos argumentos que levou Esdras Rubin, presidente da Comissão Executiva do Festival a propor uma tese polêmica: a partir de 1990, transferir para Porto Alegre, onde já se realiza um festival de vídeos de respaldo nacional, as mostras competitivas em 16mm, assim como o Festival em Super 8. Naturalmente, os realizadores em 16mm estranharam a proposta - "feita apenas como sugestão e não imposição", explica o respeitado crítico Nélio Nascimento, da Comissão Executiva. Realmente, com o crescimento do Festival de Gramado e a instalação de uma segunda sala em 35mm, no moderno Centro Cultural, para o próximo ano ali ocorrerão vários eventos paralelos, inclusive um mercado de filmes em 35mm. Portanto, para que os realizadores nas bitolas em 16mm ganhem maior espaço - e melhor cobertura de seus importantes trabalhos - a idéia de transferi-los para Porto Alegre é lógica. Entretanto, o charme de Gramado, o número crescente de jornalistas que cobrem o festival (embora poucos dediquem o espaço merecido as bitolas menores), faz com que haja uma resistência em ali permanecer. De qualquer forma, saindo ou não de Gramado, as competições em 16mm e Super 8 provam que mesmo com o fascínio (e facilidade) do vídeo, os que buscam bitolas menores trazem ainda uma grande carga de criação em suas obras.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
23/06/1989

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