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Aramis

Os aforismos de Oldemar

Oldemar Justus, paranaense de Ponta Grossa, publica novo livro: "Ecos e Silêncios", (editora Folha do Rosto, 141 páginas). Entre "Feito Pássaro" (1984), seu primeiro livro a esta nova coletânea de textos poéticos, nos quais cultua o humor e a reflexão - numa linha que pode até se colocar como influenciado pelo mestre Mário Quintana - Oldemar mostra uma profundidade de quem, ao longo de uma vida em que sempre soube conciliar o trabalho técnico (é economista, dono de uma das mais respeitadas auditorias fiscais do Sul) e o talento musical) acordeonista, compositor, já com 8 belas músicas gravadas em compactos independentes), com uma poética visão do mundo. Na descrição de quem realiza um trabalho intelectual pela satisfação de externar sua sensibilidade, sem preocupações (e pretensões) maiores, distribuindo os discos com suas músicas e seus livros aos amigos, Oldemar vai, dentro de seu mundo, deixando as mensagens naquilo em que acredita. Lapidando o estilo poético em três livros ("Feito Pássaro", "Um Novo Canto" e "Volúpia"), mais a participação em seis antologias, Justus, 67 anos, atinge a síntese que caracteriza os poetas na maturidade a começar pela simplicidade com que abre o livro: "Era uma estradinha à toa, nem beleza tinha, nem destino tivera, não fosse a estrada dos meus passos". Com humor, sem temer a ingenuidade, Oldemar diz: "Há sol para todos. O que não há para todos É sombra e água fresca". Na página seguinte, outra reflexão: "Era um espelho safado, cujo fado era mostrar-me Cada dia mais velho". Ilustrado por Sônia Yamanouchi, com imagens soltas, tendo cuidado em fazer uma edição bem cuidada graficamente (capa de Arnaldo del Monte), Oldemar Justus procurou simplesmente dar a sua visão do mundo, "navegando em divagações filosóficas em forma de poesia, entremeada de para-frases, hipérboles e sínteses", como diz Túlio Vargas, na apresentação: - "Há nos seus versos, um amontoado de estrelas, passos apressados, "sal de outroras vagas", sonhos e quimeras, encontro de realidade com a ficção, mas, sobretudo, uma procura intensa de respostas que se repetem nos ecos e silêncios da própria inspiração". xxx Importante que, num mundo de tanta competição e no qual a poesia é, muitas vezes, esquecida, Oldemar Justus, driblando a frieza dos dias cinzentos e dos compromissos oficiais, escreva (e publique) reflexões poéticas como esta: "Por via das dúvidas, Na falta da verdade, trabalho as minhas certezas".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
27/07/1989

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