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Aramis

Óperas de Gershwin e mestres do violão

Paralelamente a básica edição da obra pianística gravada por Guiomar Novaes, numa coleção primorosa e bem cuidada, como caracteriza tudo o que Maurício Quadrio realiza, a WEA, ao entrar no setor erudito está também atingindo outras faixas do público de bom poder aquisitivo que freqüenta, com regularidade as prateleiras especializadas. Assim, com The Gregg Smith Singers, e um grupo de notáveis cantores líricos, temos a "Blue Monday', ópera de câmera de George Gershwin" - mostrando, assim, que o grande compositor norte-americano não restringiu suas incursões no campo da música lírica exclusivamente ao clássico "Porgy and Bess". "Blue Monday", também chamada "135th Street", foi rotulada por muitos autores como a primeira grande composição "séria" de Gershwin e antecede a histórica "Rhapsody in Blue" (1924) por dois anos. Para quem se interessa pela obra de Gershwin, a oportunidade de conhecer esta obra, numa extensão de 23'29", acoplada a dois madrigais ("The Jolly Tar and the Maid" e "Sing of Spring") duas canções artísticas ("In Mandarin's Orchid Garden" e By Strauss") e uma cena coral de "Let'Em Eat Cake" ("Orders, Order's Mine"), faz com este lançamento, edição original da Turnabout, tenha um significado especial. Também aos que curtem a ópera, um gênero fascinante e que tem um público fiel, outra edição primorosa, ainda da Turnabout/WEA, é a "Mozart/Aberturas de Dez Óperas". Segundo o musicólogo Richard Freed, entre os seus 11 anos e o último ano de vida, Mozart compôs 21 obras que mais ou menos se ajustam à definição de ópera. Anteriormente à obras-primas "Le Nozze di Figaro" (As Bodas de Fígaro), "Cosi fan tutte", "Dom Giovanni" e "A Flauta Mágica", Mozart escreveu numerosas obras dramáticas sobre textos em alemão, italiano e mesmo latim, algumas tão longas quanto as conhecidas já citadas, outras em ato único com a duração de meia-hora e designadas variadamente como "ópera buffa", "ópera séria", "peça musical alemã", "serenata" etc. Com a Orquestra de Câmara de Wurttemberg, Heilbronn, sob regência de Jorg Foerber, eis uma coletânea de dez das aberturas menos conhecidas de Mozart em sua forma original, algumas gravadas pela primeira vez desde a coleção pioneira de Richard Bales, de há um quarto de século. A Polygram mantém atuante seu setor erudito, entregue à coordenação de Ezio Servelo, contando com importantes etiquetas. De uma produção da Philips, temos o violinista Gidon Kremer, com a London Symphony Orchestra, sob regência de Riccardo Chailly, na execução de uma peça profundamente identificada com o Brasil: "Le Boeuf Sur Le Toit", que Darius Milhaud (1892-1974), escreveu com a "inspiração" que teve na temporada que passou no Brasil (1918), como adido cultural da Embaixada Francesa. "O Boi sobre o Telhado" é uma fantasia sobre melodias populares em forma de um rondó, aproveitadas posteriormente por Jean Cocteau e transformada em ballet em 1920. Se "Le Boeuf Sur Le Toit", ocupa todo o lado deste lp, no lado 2, também com o violinista Kremer e a Sinfônica de Londres, duas obras menos conhecidas: a fantasia Apassionata, opus 35, de Henri Vieuxtemps (1820-1881) e o "Poeme, Opus 25", de Ernest Chausson (1855-1899). Outra produção primorosa que a Polygram/Philips coloca ao alcance do público brasileiro é o lp com o pianista Cláudio Arrau interpretando uma seleção de peças de Frederic Chopin (1810-1849), que incluem desde as valsas mais ingênuas do mestre erudito até sua "Barcarola", seguramente uma de suas composições principais e o melhor de seus noturnos, escrita entre o outono de 1845 e o verão de 1846. Com a Berliner Phillarmoniker, sob regência de Lorin Maazel, e numa recente produção (1981), temos duas das mais sólidas obras de Bela Bartok (1881-1945): o "Concerto para Orquestra" e "Duas Imagens", peças fundamentais para se entender melhor o complexo talento deste compositor tão revolucionário em suas propostas musicais.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música
26
18/10/1981

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