O teatro alemão na visão do paranaense Marchioro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de maio de 1990
Recém chegado de sua segunda viagem a República Federal da Alemanha, Marcelo Marchioro, 38 anos, nem teve tempo de começar a separar as centenas de programas, tapes e trilhas sonoras dos 134 espetáculos que assistiu naquele país nos últimos meses e já recebeu convite para falar sobre o teatro alemão contemporâneo (auditório do Instituto Goethe, segunda-feira, 28, 19:30hs).
Após ter feito curso de alemão em Berlim, entre dezembro de 1989 a março último, Marcelo foi um dos 11 brasileiros convidados a participar do Colóquio de Teatro Brasileiro Alemão, desenvolvido de 7 a 19 de maio em Berlim, integrado no "Berline Theatertreffen" (Encontro Internacional de Teatro de Berlim). No dia 12, na Casa das Culturas do Mundo, Marcelo fez uma incisiva análise das artes no Brasil e relatou suas experiências como diretor de dois textos de autores alemães, ambos vistos no Teatro Guaíra: "O Refletor", baseado em "Lux in Tenebris", de Brecht, e "Eu, Feuerbach", de Tandred Dorst.
O colóquio promovido pelo Goethe Institut, em Berlim, proporcionou não só um encontro de diretores e autores do Brasil e da Alemanha, mas também a oportunidade de assistirem espetáculos da maior importância, em várias cidades daquele país. Do Brasil, ali estiveram Augusto Boal, Celso Nunes (que dirigiu "Galileu" para o TCP, no ano passado), Renato Icarathy (Grupo Tapa, do Rio), Fernando Pessoa, Márcio Meireles (Diretor do Teatro Castro Alves, em Salvador), Irene de Mattos Brietzke (de Porto Alegre), José Afonso de Castro Drummond e Márcio Aurélio Pires de Almeida, dois novos diretores que também tem encenado autores germânicos.
Como representante da dramaturgia alemã, participaram Michael Merschmeier, Henry Thoreau, Siegfried Buhr, Peter Palitzsch, George Froscher, Volker Quandt (que já esteve em Curitiba, há alguns anos, na montagem de uma de suas peças infantis, traduzida por Heided Lied) e Diether Kranz.
Marcelo Marchioro, cujo último trabalho cênico foi a direção da ópera "Tosca", em duas temporadas, e agora tem vários projetos, voltou entusiasmado com o que viu - o que estará relatando em sua palestra de segunda-feira.
Dentro do intercâmbio cultural que faz o Goethe ser a mais atuante instituição cultural no Brasil - e que em Curitiba, generosamente, possibilita que a paquidérmica Fundação Cultural possa movimentar seus espaços - vários programas estão previstos para a área teatral neste segundo semestre. Inicialmente virão Diether Dorn e Bernd Wilms, para falar sobre a formação teatral na RFA. Posteriormente, aqui estarão Henry Thoreau, Michael Skosa e Klaus Metzger, críticos de teatro. Exposições, ciclos de vídeos e filmes também acontecerão.
Na próxima semana, quem aqui estará será o professor Erhard Engler, 65 anos, jornalista e tradutor de autores como Euclides da Cunha e Jorge Amado para o alemão e que ensina Língua Brasileira na Universidade Humboldt de Berlim, na República Democrática da Alemanha. Esta é a sua primeira vinda ao Brasil, pois apesar de todo o seu interesse cultural pelo Brasil, o fato de viver na Alemanha Oriental havia dificultado até agora sua vinda ao nosso país. Este ano, a convite da Fundação Jorge Amado, chegou em abril último, permanecendo vários dias em Salvador, inclusive, conhecendo o autor de "Mar Morto", de cuja obra tem sido um dos maiores divulgadores na Alemanha, através de traduções e estudos. Em Curitiba, Ergard Engler falará sobre "A Situação Econômica e Política na República Democrática Alemã após a Abertura do Muro" (auditório do Instituto Goethe, dia 29, 20h30); "Literatura, Filosofia e Ciências na República Democrática Alemã em Crise" (anfiteatro do edifício D. Pedro II da Universidade Federal do Paraná, dia 31, 10 horas) e "Socialismo" - mesa redonda dentro da 2ª Semana de Cultura da UFPR (auditório da Reitoria, dia 31, 21 horas).
LEGENDA FOTO - Marcelo Marchioro após 4 meses na Alemanha, falará sobre o teatro daquele país no Goethe Institut, na segunda-feira, 28.
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