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Aramis

O som instrumental: de Mancini [à] Banda Tureck

A música instrumental tem seu lugar assegurado junto ao público comsumidor de lps, ora se tem! Pois só isto justifica tantas e tão regulares edições desde os lps mais comerciais (Billy Waughn, Paul Mauriat) até os mais [românticos] (Mancini), no campo internacional, afora as orquestras brasileiras - estas com músicos anônimos, obrigados que são os profissionais de forma onipresente, trabalharem para diferentes regentes [a fim] de garantirem o leite as crianças, pois viver de um emprego só é um sonho (para) americano. Dos últimos lançamentos, rápidos registros a quem se interessar possa, por esta faixa de música. MANCINI'S ROMÂNTICS (RCA Victor, 104.4045, junho/74) - O mais premiado compositor do cinema americano na [primeira] metade dos anos 60, autor, realmente, de algumas obras-primas, Henry Mancini, 50 anos, vem sendo esnobado nos últimos anos, quando deixou de aparecer com trilhas sonoras marcantes, como foram seus primeiros trabalhos - em especial para as comédias de Black Edwards ("A Pantera Cor de Rosa") ou mesmo dramas ("Vicio Mandito/Days Of Wine and Rose", que lhe valeu um merecido Oscar). Mas neste "Mancini's Romantics", o temos num lp-antologia que quase chega do nível de suavidade e romantismo de seu melhor disco fora da fase de trilhas sonoras ("Dear Heart and Olher Song of Love", RCA, 1966). Basicamente, aqui estão os seus melhores temas cinematográficos, em arranjos perfeitos e que fazem este lp merecer recomendação sem reservas: "Nicholas and Alexandra", "The Wishing Star" (de "Tara's Bulba"), "How Woon", "Charade", "Dreamsville", "The Pink Panther Theme", "Night Side", "Romeo and Juliete", "Follow Me", "Too Little Time", "Days Of Wine And Roses", "Breakfast At Tiffany's", "The Soft Touch" e "Sally's Tomato". YESTERDAY AND TODAY (Polydor/Phonogram, 2310273, abril/74) - Maestro, arranjador, pianista, clarinetista, saxofonista e acordeonista, Bert Kaemplfert, alemão de Hamburgo, 46 anos, é realmente um músico de sete instrumentos. Graduado pela Hamburg School of Music, só se tornou conhecido internacionalmente a partir de 1962 com o seu sucesso "Afrikann Beat", o que incentivou a Polydor internacional a lançar uma dezena de seus lps. Neste novo disco, que também tem o título de "Circle Of Sound", o mesmo esquema (agradável, por que negar!) de seus lps anteriores, com uma seleção caprichada: "Blueberry Hill", "Time To Love", "Love Me Tender", "Who's Sorry Now", "Everybody Loves Somebody", "Rebel Rouser" etc. Um bom disco! ERLON CHAVES - BANDA VENENO (Fontana/Phonogram 6470521, junho/74) Volume 4 da série Internacional, este lp vale mais como um cartão de visita para o simpático maestro-jurado de televisão vender a sua Banda Veneno, colocando para tanto o endereço de seu empresário na contracapa. Com um bom grupo de instrumentistas - o baterista Mamão, o pianista Zé Roberto, os sax Macaé, Juarez, Alberto, entre outros, além de um coral chamado "Classic VIII", que se destaca em algumas faixas (como o arranjo que Norel Keys fez para "Ave Maria" de Gounod), Erlon Chaves oferece faixas suaves, em torno de temas bastante conhecidos - o que dá grande comunicabilidade a este lp - de carreira fácil nas lojas. CARAVELLI - Outro [freqüentador] regular das paradas brasileiras, Caravelli tem em média de 2 lps editados anualmente pela CBS, que ainda agora, ao lançar este seu novo disco (EPIC, 144115, abril/74), aproveita a contracapa - onde poderia colocar alguns dados a respeito do maestro francês, para anunciar os dois outros discos de Caravelli que estão em catálogo. O repertório faz uma grande concessão ao público brasileiro: "Fio Maravilha" (Jorge Ben), "O Show Já Terminou" (Roberto/Erasmo Carlos) e até uma composição própria ("Les Rues de Rio") para "homenagear" o País onde seus discos [têm] tanta aceitação. ADAGIO ROMANTIQUE - (Top Tape, OW 585) - Conhecido principalmente por seu "Concerto Pour Un Ete", Alan Patrick, desconhecido maestro francês ressurge um terceiro lp (anteriormente, a mesma Top Tape aqui editou seus discos "Nocturne Por Un Amour" e "Concerto Pour Un Ete", ambos produções originais de Carabine), trazendo agora neste "Adagio Romantique", destaques de dois solistas - Raoul Schmassmann e Victor Mazza - só que esquecendo de identificar na contracapa quais os instrumentos que os moços executam. De qualquer [forma] um disco suave e agradável: "Adagio Romantique" (A. Morisod/C.Comte), "Prelude Pour Une Inconnue"(Tierry Fervant), "Matinade"(Tony D'Adario), "Au Soleil De Minuit"(Alain Morisod), entre outros títulos sonoríferos. MAURICE MONTHIER E SUA GRANDE ORQUESTRA (London/Odeon, abril/74) Pseudônimo do maestro Ronald Monteiro, como no passado Bob Fleming era o pseudônimo do saxofonista Moacir Silva, Severino Araujo liderava os "[Românticos] de Cuba" e Britinho gravava com o sofisticado nome de Pierre Kolman, a fórmula alienígena de utilizar nomes estrangeiros para nossos maestros parece que funciona junto ao grande público. Tanto é que este lp - sem uma única música brasileira - é o volume 7 da série que a Odeon criou há pouco tempo para "apresentar" o maestro Maurice Monthier. Os músicos são competentes e os arranjos especialmente preparados para o consumo, o que somado a um repertório com músicas do momento - duas felizes composições de Je Raposo ("Sing" e "You Will Be My Music"), um novo arranjo para um tema de Debussy (1862 - 1918), com o nome de "La Plus Que Lente", o "Clouds" David Gates, o "All In Love Is Fair" e até o tema de Jerry Goldsmith para o filme "Papillon" fazem com que este volume 7 venda bastante, garantindo para breve a saída do nº 8. BANDINHA TURECK - Com uma faixa totalmente diferente do público atingido pelos lps anteriores, a Bandinha Tureck, de Santa Catarina, também vende bastante, levando a Chantecler a colocar nas lojas o volume 8 da série de discos que o grupo vem fazendo regularmente há vários anos. Pena que na contracapa desperdice a oportunidade de promover os integrantes do conjunto - estes sem problemas de serem identificados, já que não participam de outros conjuntos e orquestras, sendo, ao contrário, músicos amadores que se [reúnem] [à] noite, para fraternais ensaios ou atuações semiprofissionais. Assim é justificável que não apareçam maiores dados sobre quem é quem no conjunto, sequer o nome do líder da Bandinha. O forte da Bandinha Tureck são as músicas tradicionais alemãs - e mesmo as composições de autores brasileiros por ela aproveitados, são "adaptadas" ao estilo germânico. Enfim, um disco simpático e sincero, embora mau produzido. Que o volume 9 não tenha os mesmos defeitos de apresentação.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Jornal do Espetáculo
20
07/07/1974

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