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Aramis

O museu do disco na mansão dos Lacerdas

Sergio Leone – por favor, não confundir com o famoso diretor de bang-bang da Itália, mas sim o alcaide lapeano, vai ganhar um antigo casarão, totalmente restaurado, mas para o qual não há ainda um destino definido totalmente. Depois de marchas e e contramarchas, finalmente o Patrimônio Histórico e Artístico da União assumiu o casarão da família Lacerda, na praça Coronel Joaquim Lacerda 61, em frente ao Panteon dos Heróis. Generosamente, os 17 herdeiros da centenária construção decidiram, já há muito tempo, doar o casarão, desde que a União se responsabilizasse por sua restauração. A passos lentos, com mil entraves, o governo agora entregou o projeto ao arquiteto Cyro Lyra, que há anos vem canalizando para seu escritório todos os projetos de restauração e reforma de prédios de valor histórico.   xxx   O solar dos Lacerdas foi construído por Manoel José Correia de Lacerda, português, casado com a lapeana Leocádia Cassiana Rezende Correia de Lacerda, tetraneta dos fundadores da Lapa. Eram pais do coronel Joaquim Rezende Correia de Lacerda, um dos chefes da resistência da cidade em 1894, Senador da República e comendador da Ordem da Rosa, casado com Maria Madalena Moojen de Lacerda (25-5-1857- 9.12.1931), gaúcha de Lagoa Vermelha, filha de pai inglês e mãe paranaense. A casa foi construída entre 1842-1845 e ali nasceu (29.3.1845) e morreu (12.7.1905) o coronel Joaquim Lacerda (1971-1940), industrial, ervateiro, casado com dona Cecília Brito de Lacerda (1888-1981), com quem teve 12 filhos, deixando 41 netos e 49 bisnetos.   xxx   Considerando o elevado número de herdeiros, dois deles – Luciano e José Lacerda Júnior convenceram os demais a doarem o imóvel, para que o mesmo se incorpore ao patrimônio histórico da Lapa. Lucino Lacerda, 62 anos, atual presidente da Junta Comercial do Paraná, foi além: se propõe a doar a sua preciosa coleção de discos, 78 rpm, compacots e elepes, para que lá seja instalado o primeiro Museu do disco no Brasil. Por enquanto,  é apenas uma idéia, pois Luciano, violonista nas horas vagas, pesquisador da MPB e, como aqui contamos na quinta-feira, também produtor radiofônico (faz agora uma série de programas sobre a Valsa brasileira, destinados a Rádio Estadual do Paraná). Portanto, a idéia de transferir a Lapa os preciosos discos[,] que Luciano vem reunindo há mais de 40 anos[,] é projeto  para longo prazo, mas não deixa de ser uma atitude muito nobre – qual seja de legar a posteridade, um acervo magnífico, com raridades de nosso cancioneiro.   xxx   Falando em acervos preciosos, até agora ainda não se tem uma idéia  do destino da coleção de discos de jazz e música erudita deixada pelo advogado e professor Ney Macedo, falecido há mais de um ano. Solteiro, apaixonado pela boa música, Neyzinho passou toda sua vida colecionando as melhores gravações – principalemnte importadas, pois dinheiro nunca lhe foi preocupação. Com sua morte – dois dias após a sua irmã, o casarão construído por seu pai, João Ribeiro de Macedo (1880-1948), defronte o Passeio Público, ficou vazio. Uma comissão de estudiosos de música, designada pelo diretor da Rádio Estadual do Paraná, Roberto Macedo Guimarães, precedeu a contagem e avaliação dos discos – estabelecendo um preço razoável para o acervo. Entretanto, os herdeiros não decidiram como proceder, de forma que os discos continuam como Ney os deixou.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
9
17/01/1982

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