O Marumbi preservada pela família Garbers
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de outubro de 1983
Durante quase 50 anos, o velho João garbers (1886-1942) não permitiu que uma única árvore dos 700 alqueires que adquiriu em 1907 na Serra do Mar fosse derrubada. Ecologista antes dque esta palavra sequer fosse inventada, o velho Garbers, imigrantes alemão que chegou ao Brasil ainda no século passado, transmitiu aos seus filhos - Hans e Diether - o amor pela natureza. enquanto vizinhos de suas terras aproveitaram a época em que o desmatamento era livre e venderam a madeira de lei que florescia na Serra do Mar, as terras da família Garbers preservaram a mata nativa. Mesmo quando foi construída a estrada de ferro Paranaguá-Curitiba e a RVPSC necessitava de madeira para odrmentes, oferecendo régios pagamentos, João Garbers resistiu as propostas.
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O tempo passou, a serra do Mar sofreu desmatamento criminosos - com sérias consequências no meio ambiente - mas os 700 alqueires da família mantiveram-se intocáveis. Assim, quando em 1978 o então governador Jayme Canet Jr. criou o tão reclamado Parque Estadual do Marumbi, a propriedade da família Garbers foi totalmente incluida na reserv. Esperavam os irmãos Hans e Diether uma justa indenização: afinal , enquanto outros propietários enriqueceram vendendo as madeiras, eles preservaram a área.
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Passados cinco anos - e caducando o decreto, pela falta de pagamento aos proprietários - Hans e Diether Garbers continuam a espera da indenização. Se houve alguns proprietários, especialmente na região de Antonina, que receberam, aos garbers nada foi pago.
Na semana passada, Hans, ex-industrial e durante 20 anos presidente do Clube Concórdia procurou o secretário Belmiro vaverde Castior, do Planejamento e o diretor do Instituto de Terras e cartografia, José Bonifácio Cabral. Afinal, está a espera de uma solução: embora o decreto-lei que criou o Parque do marumbi tenha cadudado, sua propriedade continua vedada a qualquer utilização. Entretanto, acha - com razão - que merece receber uma indenização. Há 5 anos escuta as mesmas desculpas: não há recursos.
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Um técnico da Comac o advertiu de que a casa-sede de sua propriedade, construída em 1919, já está cadastrada como << arquitetura notável >>, pré-requisito para o tombamento. Cedida gradativamente por garbers para residência dos guardas-florestais, a casa localizada na Curva do Taquari, apresenta problemas em sua estrutura de madeira. Um << técnico>. da Comec chegou a lhe propor que ele deveria providenciar a restauração.
-Mas, como, se eu não tenho acesso ao Parque, respondeu.
- Podemos conseguir uma autorização especial para a venda de algumas árvores, que cubram a reforma da casa.
Sem comentários.
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Localiza-se dentro da propriedade de Garbers algumas da áreas mais privilegiadas do parque do Mrumbi. Há locais que permitem a visão, a olho nu, desde o bairro do bacacheri até a baia de Guaratuba. Diz Garbers:
-A qui poderá existir a melhor área de lazer do Estado. Só que até agora a Paranatur não fez a menor proposta coerente para que isto aconteça. Ao contrário, o sr. Julião, presidente da empresa, sugeriu que o próprio Garbers viesse a << viabilizar uma exploração turistíca >>. O que ele recusou, obviamente.
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Na semana passada, o advogado Renato Cunha procuou os irmãos Garbers para iniciar uma ação legal contra o Estado. Se propõe a patrocinar a causa, com grandes chances de vitória. Os irmãos Garbers - que sempre defenderam a natureza e são favoráveis ao Parque do Marumbi, mas, obviamente, querem receber o que tem direito - estão a espera de que o sr. Cabral, diretor do ITC, apresente uma proposta viável. a idéia <,descoberta >> por Cabral é de que seja feita uma permuta com terras pertencentes ao Estado, mas no valor que compensem aos 700 alqueires da Serra do mar.
Há 3 anos Denise Stoklos orientou um curso de mímica no Centro de Criatividade. Como fruto resultou o grupo << Gestus >>, que inicialmente desenvolveu um trabalho ligado à Fundação Cultural, mas da qual acabou se desligando. E há dois anos, este grupo formado por rapazes e moças de grande idealismo, fez várias encenações: << Norigama >> e << O Menino Invisível >> - de Trindade e Borges de Garuva; uma leitura de << Ubu Rei >> e o monólogo << K >>, com José Mauro Santos (filho do veterano ator José Maria Santos). Este ano, o Gestus vem apresentando a peça infantil << a Viagem do matuto Astronauta >> e hoje à noite, no Sesc-Pompéia, em São Paulo, estará lançando o livro << Ouça Onça >>, de Ângelo Cândiou - um dos integrantes do grupo, paralelamente a números de mínima e a peça << K >>. Haverá ainda uma mostra de jovens poetas do Paraná.
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