O jazz da Blue Note
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 01 de abril de 1977
O jornalista Valdir Pires, assessor de imprensa da Som Indústria e Comércio, uma das poucas industrias fonográficas constituídas exclusivamente de capital nacional, passou três dias em Curitiba, pesquisando o mercado e tratando com os representantes locais, José Carlos Ciccarino e o bom crioulo Susto, um esquema mais ativo para divulgação das etiquetas Copacabana e Beverly. Adquirida há 4 anos por um novo grupo empresarial, que sucedeu a antiga família Vitalle, fundadora da gravadora, no final da década de 40, a Copacabana é hoje uma empresa com escritórios em vários países - e que deve, sem dúvida, muito de sua relativa tranquilidade financeira ao sucesso de "Feelings" de Morris Albert (Maurício Alberto Kaisserman, 36 anos, carioca, filho de pais israelitas). Embora continue a gravar na Copacabana - (em breve sai o seu terceiro LP) hoje Albert reside em Los Angeles, numa imensa mansão. Só os direitos autorais de "Feelings" - já com mais de 300 gravações internacionais, o tornaram um bilionário. Em direitos autorais, essa música trouxe para o Brasil já cerca de US$ 10 milhões.
A Copacabana, que nos últimos meses havia retraído suas edições, decidiu também entrar no mercado jazzístico - hoje em franco crescimento. E fez isso da melhor forma, editando 12 lps do imenso catálogo da Blue Note, que representa no Brasil. Quatro destes discos, trazem gravações de dois instrumentistas que estiveram em Curitiba, apresentando históricos concertos de jazz: o pianista Horace Silver, no lp "Silver'n Wood" e o baterista Art Blakey, que ao lado do saxofonista Lou Donaldsom, guitarristas Kenny Burrel e Edie McFaden, se faz ouvir em dois álbuns do organista Jimmy Smith.
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Valdir Pires tem estado em constante ponte aérea, inclusive internacional: hoje a Copacabana mantém escritório em Nova York (Brasília Records & Tapes, 29 West 46 Street, New York, 10036), graças ao qual vem estimulando as vendas de cantores brasileiros, como Nelson Ned e Teixeirinha (Victor Mateus Teixeira). Afinal, a colônia latina naquela metrópole é imensa.
LEGENDA FOTO - Silver
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