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Aramis

O humor de Groff ajuda diabéticos

Decerto, nem o próprio Luis Groff imaginou que as piadas políticas que costurou, há três anos, para a revista "Nem Gay, Nem Bicha", seriam apresentadas, com propósito tão nobre, pelo mesmo Groff, no mais alto e improvisado dos auditórios: a bordo de um avião da Varig, entre São Luiz e Belo Horizonte. Pois foi isso o que aconteceu, há duas semanas. Na viagem que um grupo de 106 empresários fez, recentemente, a Carajás São Luiz-Itabira-Vitória, o engenheiro Luis Groff, coordenador do programa Nosso, ex-presidente da CIC e, sobretudo, humorista nato, encontrou a mais sorridente forma de colaborar com uma nobre causa: fez uma espécie de síntese de "Nem Gay, Nem Bicha", para os membros do grupo de viajantes, chamados a conhecer o sistema de transporte da Companhia Vale do Rio Doce. E cada um deles pagou Cr$ 20 mil para ouvir as piadas de Groff. A renda foi destinada ao movimento Apoio, criado pelo jovem Adriano Richa, para auxiliar os diabéticos carentes do Estado. No total, a brincadeira rendeu Cr$ 2.288.000, "suficiente para a compra de uma boa quantidade de insulina destinada aos necessitados", dizia, grato, Adriano Richa, que também participou da viagem, ao lado do irmão, Luis Alberto. xxx Luis Groff foi, na verdade, o grande animador do grupo, durante as muitas horas de vôo, na viagem que em apenas 3 dias levou empresários e executivos a distantes pontos do País: o projeto Carajás, na Selva Amazônica, o porto de São Luiz, as minas de ferro de Itabira, a siderúrgica da Usiminas, em Ibitinga, e, finalmente, o porto de Tubarão, em Vitória, Espírito Santo. Abrandando o rigor dos horários, na viagem organizada pela Secretaria de Estado da Indústria e Comércio, e a aridez de números e dados sobre a atuação da Companhia Vale do Rio Doce, na extração e exportação de minérios, em vários Estados, as intervenções de Groff foram as mais bem humoradas. Na primeira etapa do largo trajeto (Curitiba-Carajás), Groff expôs uma teoria propondo a criação da moeda "Tche", com a separação do Brasil de Brasília. Mas o melhor mesmo foi a síntese que fez de "Nem Gay Nem Bicha", recontando deliciosas piadas e estórias políticas que ele montou, em fins de 1982, para o espetáculo que José Maria Santos manteve em cartaz, no bar "Ponto de Encontro ", do Teatro da Classe, durante mais de três meses. Na época, as apimentadas farpas do humor de Groff atingiam tanto o governo de Ney Braga - que saia, quanto o dos "pés vermelhos " de José Richa, que acabava de chegar. Esse humor irritou alguns peemedebistas mais exaltados, que chegaram a ameaçar Zé Maria, se continuasse a alfinetar os novos senhores do poder. Como cão que ladra não morde, Zé se tornou, então, mais sarcástico, e a revista, na linha "one man show ", continuou em cartaz. Ao recontar as piadas (para um público em que a presença peemedebista era grande), Groff sentiu que nada como o tempo para fazer o humor cicatrizar antigas divergências. E, entre os que mais se divertiram, encontravam-se, justamente, os dois filhos do governador.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
7
14/09/1985

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