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Aramis

O Evento musical de 74

Há exatamete um ano, em nossa página dominical de O ESTADO, famos o primeiro jornalista brasileiro a publicar, em detalhes, o projeto do record-man Aloysio de Oliveira , então recém-chegado dos Estaduso nidos, onde havia permanecido quase 10 anos em lançar uma nova etiqueta: O Evento. Ex-integrante do grupo Bando da Lua (1929-1955) - o que obrigou a sua permanência nos Estados Unidos durante muitos anos, narrador de documentários e filmes dos estúdios de Walt Disney e, sobretudo, o mais experiente e caprichoso produtor artístico brasileiro. Aloysio foi, em termos fonográficos, o responsável pelo surgimento da Bossa Nova. Qando estava na Odeon, foi quem acreditou num jovem cantor chamado João Gilberto e o lançou num 78 rpm, com a música "Chega de Saudade" (Tom/Newton Mendonça), que com um estilo novo de batida do Samba, revolucionária [à] música popular e criaria uma nova escola de composição interpretação. Responsável direto pelos melhores discos da primeira geração da BN - João Gilberto, Sergio Ricardo, Silvinha Telles (sua esposa, na época). Tom & Vinicius etc. - Aloysio deixaria a Odeon para fundar a sua própria etiqueta - a Elenco, que consolidaria definitivamente o movimento. Em 1965, sentindo que novos fatores provocaram um esfriamento na vida musical brasileira, Aloysio vendeu a Elenco para a Phonogram e voltou aos EUA de onde só retornaria - em termos definitivos em outubro do ano passado, quando, inclusive, pela primeira vez em sua vida, veio a Curitiba, fazer uma conferência sobre MPBN, no Paiol. E nesta ocasião, Aloysio anunciava a boa nova: voltaria a produzir discos do mais alto nível, com artistas e compositores que realmente constituem um "Evento" em termos musicais. Um ano de trabalho - período em que deu boa contribuição a amigos (Alayde Costa, Dorival Caymi, Tom & Elis) - e álbuns da nova etiqueta, distribuída pela Odeon. Um ano de trabalho para a realização de lps que realmente justifica a frase "Disco é Cultura" que indiscriminadamente é colocada em todas as contracapas da produção fonográfica brasileira. Maysa, a grande cantora da música moderna brasileira, que desde 1970 não gravava, reaparece num lp tão importante quanto foi o histórico "Barquinho" - feito em 1960, na CBS, e marco de sua carreira. Billy Branco, o arquiteto-compositor, 13 anos depois de ter feito a histórica "Sinfonia Carioca" (lp Continental), concluiu a "Paulistana, Retrato de Uma Cidade", que com orquestrações do maestro Chiquinho de Moraes e participação de Claudete Soares, Claudia, Miltinho, Elza Soares e Peri Ribeiro é ma homenagem do paranaense compositor [à] cidade de sua esposa, Ruth Egydio de Souza Aranha Y Blanco. Finalmente, uma gravação histórica, retirada dos incríveis arquivos de Aloysio, com um encontro entre Ary Barroso 1903-1964) e Dorival Caymmi, com o mineiro de Ubá cantando as músicas do baiano de Salvador e vice-versa. "O Evento" musical do ano vai prosseguir, com outras preciosidades inéditas e reedições de lps memoráveis e há muito fora de catálogo, como "Não Gosto Mais de Mim", primeiro disco de Sergio Ricardo (no Paiol, hoje e amanhã, 21 horas) e "Canção de Gente Moça" com Silvinha Telles (1936-1966).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
09/11/1974

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