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Aramis

O espantalho de Sergio

"A Noite do Espantalho" (cine Scala, a partir do dia 7) além de se constituir na mais importante estréia do cinema nacional em 1974, é também um filme que demonstra que não é fácil aos autores honestos e realmente criativos desenvolveram os seus trabalhos. Pois este filme que Sérgio Ricardo escreveu, dirigiu e musicou - e para cujo lançamento vem [à] cidade, aqui chegando na terça-feira, com o produtor Otto Engel - constituíam desafio há 10 anos. Em 1964, após ter realizado o seu primeiro longametragem ("Esse Mundo é Meu", que será exibido terça- feira à noite, no auditório do Colégio Estadual), Sergio já se preparava para fazer um filme inspirado na literatura de cordel, pois ao pesquisar a música para "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha, encontrou a história que serviria de base para "A Noite do Espantalho". Uma história verídica de sertão. Na época, Sergio já pensava em fazer um filme fantástico, um filmusical trágico e ao mesmo tempo uma incursão a questão social e ao lirismo, em termos de sertão. Começou então a compor a música (Glauber lhe pediu o tema principal para "O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro", mas apesar da amizade entre os dois artistas, respondeu-lhe que o tinha reservado para a fita com o qual estava sonhando). Apesar de em 1965 ter ido a Pernambuco, com uma produção planejada, Sergio não conseguiu fazer o filme. Teve que esperar 9 anos - período em que [fez] muitos shows, viajou ao Exterior, gravou 3 lps e rodou outro bom filme ("Juliana de Amor Perdido", 1970, dia 6, no auditório do CEP), até que finalmente, em sociedade com seu irmão, o fotógrafo Dib Lufti, Otto Engel, correspondente da televisão alemã e Plínio Pacheco, idealizador de Nova Jerusalém (onde na Semana Santa e feita a maior apresentação da Via Crucis em todo o mundo), pode realizar o filme. Uma mistura de música e filme, "onde verifiquei que minha música contém a imagem e meu cinema [contém] o som", como diz Sergio, que já viu seu filme aplaudido nos festivais de Nova Iorque e Toulon (França) e receber quatro prêmios - melhor filme, fotografia, música e ator coadjuvante (Emanuel Cavalcanti) no festival de Belém, há 3 semanas . Na Semana Sergio Ricardo, que o Centro Acadêmico Hugo Simas promove a partir de terça-feira, a oportunidade de conhecer 20 anos da arte de Sergio Ricardo, um talento consciente em todas suas fases - em som & imagem.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
03/11/1974

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