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Aramis

O cinema que as alemãs fazem

É uma pena que o Brasil não tenha uma instituição assemelhada ao Goethe Institut! Se existisse, talvez o nosso cinema não fosse tão mal. Espalhado por mais de 50 países, o instituto que leva o nome do poeta maior da língua germânica tem, entre tantas outras atividades, o mérito de divulgar mais o cinema alemão do que qualquer outra entidade oficial ou não. Anualmente, o Goethe promove pelo menos dois a três eventos para mostrar como o cinema alemão é importante - e como há gente nova (e talentosa) fazendo filmes naquele país! Enquanto no Rio deslancha a mostra retrospectiva "Trinta Dias de Filmes Alemães - 1895-1985" - que, mutilada, foi apresentada em Curitiba no ano passado - chega agora uma segunda promoção para mostrar trabalhos de novos realizadores (a primeira aconteceu há menos de dois meses, trazendo ao menos uma obra-prima "Francesca", que, esperamos, retorne algum dia). Desde ontem, "Elas Fazem Filmes - Cineastas Alemãs dos Anos 80" (Cine Luz, sessões, entrada gratuita), é uma vigorosa demonstração de como cresce o número de mulheres na direção cinematográfica. São sete filmes, produzidos entre 1981/86 e que mostram que Margareth Von Trotta (que em 1981 recebeu o Leão de Ouro em Veneza por "Os Anos de Fogo", e, em 1985, realizou o notável "Rosa de Luxemburgo", à disposição em vídeo), já não está sozinha no campo de realizadoras. Doris Dorrie, 33 anos, realizou há três anos o filme de maior bilheteria européia ("Manner / Homens", agora finalmente lançado no Brasil, nas telas e em vídeo), enquanto Helma Sanders Brahms, 46 anos, 21 curtas e longas em 18 anos de cinema, tem ao menos já um clássico em sua filmografia, o emocionante "Alemanha, Pálida Mãe" (1979/79). A mostra de cineastas alemãs, aberta ontem com "Malou", de Jeanine Meerapfel, terá hoje "No Meio do Coração", que Doris Dorrie realizou em 1983 (colorido, 91 minutos, legendas em espanhol). Para amanhã, está programado "O Início de Todas as Desgraças é o Amor" (Der Beggin Aller Schrecken ist Liebe, 1983, 114 minutos, legendas em espanhol). Berlinense, 52 anos, desde 1966 no cinema, Helke Sander tem uma longa filmografia - embora mais voltada ao documentário. Ula Stockl, 41 anos, 25 de cinema, formada em cinema pela Escola de Ulm, é a diretora de "O Sono da Razão" (1984, preto/branco, 82 minutos, legendas em inglês), programado para domingo, 4. Na segunda-feira será exibido o filme mais longo da mostra (portanto, só em sessões às 14, 17 e 20h39): "Dorian Gray no Espelho da Imprensa Sensacionalista", de Ulrik Ottinger, 46 anos, ex-artista plástica e que há 12 anos, em seu primeiro longa-metragem ("Madame X", 1977), já tomava uma frase de Oscar Wilde como tema central, Ulrik trata de poder, de narcisismo e de identidade. Jutta Bruckner, cineasta que já esteve em Curitiba, em promoção anterior do Goethe, é diretora de "Um Breve Olhar - e Irrompe o Amor", programa do dia 6. Finalmente,, a sensível Helma Sanders Brahms, com "Asas e Algemas", encerra no dia 7 esta mostra indispensável de ser acompanhada por quem se interessa pelo cinema alemão contemporâneo (Mais cinema: página 8). LEGENDA FOTO 1 - "Dorian Gray no Espelho da Imprensa Sensacionalista", o mais longo dos filmes da mostra "Ela Fazem Filmes", no Cine Luz. LEGENDA FOTO 2 - Doris Dorrie, diretora de "Homens" (maior êxito de bilheteria entre 1986/87) tem seu novo filme, "No Meio do Coração", programado para hoje, no Luz.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
1
02/06/1989

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