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Aramis

O cinema experimental que o Goethe ajuda a produzir

Salvador - Uma prova de que um bom projeto pode oferecer resultados estimulantes está sendo visto nesta XVIII Jornada Internacional de Cinema na Bahia que se encerra hoje. Entre as muitas mostras que desde a última sexta-feira, 20, movimentam os espaços culturais desta cidade que já começa a entrar no calor fortíssimo e os primeiros ensaios carnavalescos, está a apresentação dos dez resultados do projeto de cinema experimental desenvolvido pelo curso de cinema da Universidade Federal Fluminense em convênio com o Goethe Institut. Para muitos participantes, os filmes resultantes do curso prático que o cineasta alemão Kristof Janetzko, de Munique, orientou entre outubro a dezembro de 1990, no Rio de Janeiro, revelam talentos que, nos anos 90, poderão estar em destaque no panorama cinematográfico, "que, esperamos, seja mais favorável a produção de cinema e vídeo brasileiro do que neste final de década", diz o professor João Luiz Vieira, conservador da Cinemateca do MAM-RJ até julho último, e agora se dedicando exclusivamente à sua atividade universitária como professor de língua e teoria cinematográfica. Participando de um festival de cinema em Toronto, há dois anos, João Luiz, 41 anos, entusiasmou-se com uma mostra de filmes experimentais realizado por jovens das Filipinas, coordenados por Kristof Janesko. Ao saber que o projeto tinha o patrocínio do Goethe Institut, procurou o cineasta sobre a possibilidade do projeto repetir-se no Brasil. Generoso como sempre, o Goethe aprovou a idéia, trouxe Kristof ao Brasil, estendendo sua temporada. Além de coordenar o projeto de cinema experimental com um grupo de alunos da Universidade Federal Fluminense, esteve em outras cidades - inclusive Curitiba e Brasil (onde acompanhou o Festival de Cinema do ano passado) fazendo seminários. No Rio de Janeiro, seu trabalho mais demorado resultou em dez filmes que agora serão levado pelo Goethe a várias cidades brasileiras (Curitiba será uma das primeiras) e mesmo em festivais internacionais. Realizado por estudantes na faixa entre 18/25 anos, os filmes "Agravo", "Moleque", "Helga", "Primeiro Movimento", "Bahia", "Jurujuba", "Sob Pressão", "Doristética", "Pão de Açúcar" (através do olhar) e "Gostosa" - estes últimos dois, os mais apreciados - entusiasmaram os que os assistiram em suas duas projeções. Esta mostra é uma forma de se ter também uma demonstração prática de resultados positivos de um dos dois únicos cursos de cinema, em nível superior, existentes no Brasil (o outro é o mantido pela Escola de Comunicação e Artes da USP-SP), dentro do 7º Encontro Nacional de Ensino de Cinema, que se realizou também paralelo a Jornada. Embora outras universidades mantenham cadeira de cinema - geralmente ligadas aos cursos de Comunicação, em termos de cursos só há reconhecidos os da Fluminense e da ECA. Na Universidade Federal de Minas Gerais, funciona agora a especialização em animação, implantado especialmente graças aos esforços de um dos mais brilhantes pensadores de cinema do país, o pesquisador, professor e montador José Barros, vice-presidente internacional da OCIC, que após ter defendido sua tese de doutorado sobre cinema e literatura (possivelmente a ser publicada pela editora Agir), prepara-se para passar um ano em Lyon, na França, fazendo pós-doutorado, trabalhando em tese sobre cinema e telenovelas brasileiras. Barros - Como meia dúzia de outros professores ligados ao ensino de cinema - foi um dos participantes mais destacados não só da reuniao dos educadores, mas também no Fórum Latino-Americano de Cinema e Vídeo, que com presença de realizadores de alguns países - especialmente Argentina, Chile e Cuba - fez, em três sessões, uma radiografia da situação cinematográfica continental - a produção, distribuição, comercialização, etc., do que resultará um documento a ser divulgado hoje à noite, durante o encerramento da Jornada, no Solar do Unhão, sede da Fundação Cultural da Bahia. LEGENDA FOTO - Mirella Martinelle, com "O Inventor", sobre o artista performático Guto Lucaz, concorreu em Salvador. Seu filme também foi levado a Nova Iorque em agosto.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
25/09/1991

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