Login do usuário

Aramis

...e o choro venceu na Feira Pixinguinha

Um chorinho despretensioso, mas de muita beleza e ritmo, acabou sendo a música vencedora da Feira Pixinguinha, encerrada sábado, dia 23, no auditório da Associação dos Servidores do Banco Central - uma magnifica instalação, no setor de clubes, em Brasília. Promoção da Funarte, através da Consultoria de Projetos Especiais, destinada a abrir chances para novos compositores, a Feira Pixinguinha teve mais de 500 músicas inscritas, das quais, em 4 eliminatórias, realizadas nas semanas anteriores, foram selecionadas 12 que concorreram na finalíssima. Na opinião de experientes profissionais ligados a MPB, calejados de várias promoções competitivas, como Maurício Tapajós, 38 anos, compositor, produtor da Continental, que está integrando também o juri da I Roda da Brahma da MPB (mais de 2 mil inscritos, prêmio principal de Cr$ 80 mil ao primeiro classificado), o nível das músicas finalistas da Feira Pixinguinha pode ser classificado de bom para ótimo. Opinião idêntica foi defendida pelo maestro Cláudio Santoro, 60 anos, que após residir por 10 anos na Alemanha, onde ensinava regência na Escola Superior de Mannheim, retorno este ano a Brasília, para reger a orquestra do Teatro Nacional (que, segunda-feira, fez um concerto tendo como solista o flautista Jean Pierre Rampal, ao qual esteve presente João Figueiredo). Santoro foi um dos membros do juri, do qual participaram os compositores João de Barros, Antônio Adolfo, Tapajós, a atriz Dulcina de Moraes - há 10 anos residindo em Brasília, a compositora-cantora Rosa Pasos, o jornalista Chico Alvim, Francisco Arthur - representando a comunidade, e este colunista. "Chupando cebola", chorinho de José de Assis Santos da Silva, 22 anos, filho de um dos violinistas mais conhecidos do Distrito Federal - o "Santos", colega de Avena de Castro (único citarísta popular do Brasil) em um grupo que se dedica a divulgar a música instrumental tradicional, obteve 80 pontos, no computo final, ficando em segundo lugar a composição de um cearense de Fortaleza, Didi Milfont, 22 anos, "Rastros". Filho de um compositor e cantor cearense, Aloisio Milfont, pioneiro nos meios musicais de Brasília, Didi recebeu ainda os prêmios de melhor arranjador e interprete - embora, nesta categoria, pessoalmente, votassemos numa cantora de extraordinária voz, Isaltina, 40 anos, uma criola de porte nobre, grande semelhança física com Carmen Costa e que e modesta servidora da Universidade de Brasília. Isaltina, defendeu "Encontro Perdido", de Marlow Kwitko (letra) e Didi do Cavaco (música), autores também de "Canto Pra Meu Filho Por Nascer", músicas classificadas em 6.º e 5.º lugar, respectivamente. "Canto..."foi defendida por Lula Mattos, 23 anos, ,cimeira de Patos, uma loira belíssima, longos cabelos, que em breve poderá ser um nome tradicional: a RGE deseja lançá-la em elepe e apenas seu disco ainda não saiu porque ela, com razão, não deseja aparecer apenas como interprete do gênero "discotheque", como pretendem os diretores de marketing da gravadora. Mesmo não estando numa noite das mais felizes, Lula impressionou bastante ao juri. "Tão Logo", de Paulo Tovar e Sérgio Braga Duboc, ficou em 3.º lugar. "Alice", um samba romântico que o advogado João Carlos Bulhões Pedreira compôs há alguns anos para sua esposa - Marina Alice, quando ainda demoravam - e defendida pelo seguro cantor (profissional) Edson Luiz, ficou em 4.º lugar. Como em toda mostra competitiva, os resultados não foram recebidos por unanimidade. Renato Mattos dos Santos, com seu "regne" "Grande Circular"- vencedor como melhor letra (falando) especificamente em Brasília) deveria ter melhor classificação na opinião de alguns jornalistas, como João José Miguel e Celso Araújo, (") Correio Braziliense", que, na edição de ontem, criticaram a classificação. José Miguel, investiu furiosamente contra o aspecto (") "conservadorismo" da maioria das músicas selecionadas, afirmando que "os jovens compositores poderiam sem maiores pesos (") conciência, tentar saber que o resto do mundo existe e curtir um (") rock, um jazz de vanguarda, um reggae, um soul da pesada e, que não, um discotheque (de preferência dançando)". Felizmente, a maioria do público - e o juri - preferiu a legitima (") valorizando o chorinho "Chupando Cebola", que o grupo inspirados pelos Dedos, comboa base de metais, abriu a Feira - e acabou com grande torcida, sendo vencedora da noite. Argentina Figueiredo Neto, um paraíbano de Campina Grande, 18 anos, (") 12 em Brasília, num estilo lembrando Milton Nascimento apressiou três boas músicas - "Despertar", "Eus" e "E"- que junto (") as outras 9 finalistas, já está sendo gravadas, desde segunda-feira na sala Funarte, em Brasília, pelo técnico Frank Ackler. (") lançamento nacional pela Continetal - Funarte, numa pre(") aos inéditos compositores radicados no Distrito Federal. Ontem, em entrevista ao "Correio Braziliense", Hermínio Bello Carvalho, idealizador da promoção, repetia o seu entusiasmo sobre os resultados alcançados: "O que se provou nessa Feira é a (")cialidade de criação dessa juventude, que resistentemente, (") as janelas e portas trancadas que dificultam a sua entrada no mundo profissional. E evidente que não podemos exigir um grau profissional desses jovens que só a assiduidade e o exercício da música garantem, e afirmam a própria profissão. E um circulo vicioso, (") se sabe: as oportunidades são poucas, os espaços são restritos (") exercícios da profissão quase que não existe. Então como se (") essas oportunidades? Acho que a Feira respondeu suficientemente bem às ansiedades que provou". O compositor Sidney Miller, coordenador Artístico do projeto, confirmava que apesar dos pedidos de vários Estados - Oahia, Mato Grosso do Sul. Maranhão, Paraná, Minas Gerais etc. - para sedia(") as próximas Feiras, "começaremos em outubro próximo, em Curitiba, uma nova feira Pixinguinha. Acredito que a experiência (")...". A Feira Pixinguinha, no Paraná, deverá se integrar ao projeto (") Novos, idealizados por Heitor Valente, dentro do "Acor(") da Secretaria da Cultura e Desportos, possibilitando uma pretensão, coordenada pelo Museu de Imagem e do Som, através de (") comissão a ser formada nos próximos dias, dos trabalhos vin(") de todas as partes, pelo sistema fonopostal. A experiência de Brasília, com mais de 500 inscrições, mostrou as potencialidades de uma nova geração de compositores, em todas as partes. E no Paraná que ainda este ano terá esta promoção da Funarte, os resultados serão igualmente, serem significativos. *** Após a apresentação das 12 músicas concorrentes, uma tocante homenagem foi prestada ao compositor João de Barros (Carlos Roberto Ferreira Braga), 72 anos, completos dia 29 de março último. (") seus 50 anos de carreira artística. Uma explendorosa, sensual estimada cantora. Mônica Castro, 21 anos - grande semelhança (") Fafá de Belém, interpretou um longo pot-pourri com uma seleção das músicas mais conhecidas de Braguinha que, emocionado, (") ao palco, e acabou mostrando que também sabe cantar o que (") já havia feito, no ano passado, ao lado de Luís Antônio, Miltinho e Mano Rodrigues e Cesar Costa Filho - dentro do "Projeto (")", que percorreu várias cidades de nosso Estado. Apesar de (") eletrificado - e o som amplificado ao excesso - o show de Fagner acompanhado de seu parceiro, Pertruquio Maria (que está terminando seu primeiro lp na CBS) e Chico Batera, entre outros músicos - entusiasmou a garotada presente ao auditório. *** Carmem Silva , responsável pelo escritório da Funarte em Brasília presidiu o juri, sem direito a voto, e foi uma das responsáveis (") todo o trabalho de coordenação desta primeira experiência em (") a programação de MPB. (") a homenagem a Braguinha não poderia ser mais apropriada: (") de ser 1979 o ano que marca meio século de regulares atividades músicais, com clássicos em todos os gêneros, ao lado de parceira com Pixinguinha (para quem fez a letra de "Carinhoso"). Noel (") Lamartine Babo, Alberto Ribeiro, entre tantos outros - o (") de compositor continua em excelente forma. E deu provas disto (") que se seguiu à feira, no "Chorão", de Francisco Arthur, (") há 10 anos radicado em Brasília, ex-jornalista, apaixonado (") MPB, e que fez de seu endereço o melhor ambiente musical do (") Federal. Ali, houve uma madrugada sonora inesquecível,. Antônio Adolfo ao piano, vários violinistas fazendo a baixa percussionista e João de Barro revivendo seus grandes êxitos e (") até músicas inéditas - uma dezena delas, a espera de que peça alguém para gravá-las. O que mostra que há muito cantor (") no ponto.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
27/06/1979

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br