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Aramis

O canto forte das mulheres do rock: Joan, Leila, Etta

Se um entre 20 (ou mesmo 30) discos de pop é capaz de emplacar vendas acima das 10 mil cópias, repetindo no Brasil o sucesso que alcançou em seu país de origem, o investimento compensou. Isto explica a quantidade de gravações pop, com grupos, solistas e intérpretes absolutamente desconhecidos que, mensalmente, as multinacionais colocam nas lojas, dando aos mesmos uma divulgação generosa - infelizmente muitas vezes recusada aos artistas nacionais. Sem tomar atitudes xenófobas, ao estilo do bom amigo J. Ramos Tinhorão, não se pode desprezar, a priori, a produção internacional, nesta faixa jovem - ou a ela destinada prioritariamente - pois, com o passar do tempo, é possível encontrar talentos sinceros entre grupos que, muitas vezes, na primeira audição, nada aparentemente trazem. Mas que há de se ter muito discernimento - inclusive para emitir juízos críticos definitivos - entre tantos produtos pop, disto não há dúvida. E, dentro de nossa filosofia aberta, que há quase 40 anos adotamos para esta página de disc-review, vamos aos registros de alguns - entre tantos discos pop que chegaram nas lojas nas últimas semanas. Comecemos com a presença feminina, de uma crioula já conhecida, voz fortíssima e que para muitos pode ser até classificada como jazzista. Gorda, olhar de bad girl - já na capa desta "Stickin'To My Guns" (Island/Polygram), Etta James antecipa um repertório fumegante, com composições na linha funk e acompanhada por músicos de uma nova geração - na qual ela, já avançando nos anos, busca uma reciclagem para chegar a uma faixa juvenil de público. Da Suécia vem uma cantora rapper, Leila K ("Rob'n Raz Featuring Leila K", RCA/Ariola). A história de Leila K é curiosa: aos 18 anos, seus pais, de origem árabe, queriam força-la a um casamento em Marrocos com um rapaz muçulmano. É claro que não aceitou, fugiu de casa e acabou formando um grupo musical - o DJ's Rob & Raz, com o qual estourou, na Suécia, a música "Got To Get". Vamos ver o que acontece no Brasil com o seu som agressivo. Bem mais suave e gostosa de se ouvir do que Etta ou Leila, é a cantora Joan Armatrading, que no ano passado começou a se tornar mais conhecida ao participar de shows beneficentes ou de protesto - como o concerto para Nelson Mandela ou o que o guitarrista Eric Clapton organizou em benefício da Swazilândia. Embora só agora começando a chegar ao Brasil, já tem 14 elepês gravados, o último dos quais, "Hearts and Flowers" (A&M Records/Polygram), saiu agora (em 1988, seu "The Shouting Stage", aqui foi editado mas sem maior repercussão). Das primeiras notas de "More Than Ond Kind of Love" até os acordes finais em "The Power of Dreams", nota-se o cuidado de Joan Armatrading na orquestração de seu repertório, "Good Times" tem sua voz sustentada por violão de cordas de aço e na romântica "Always" um piano acompanha o tom intimista. LEGENDA FOTO 1 - Leila K: o rock que vem da Suécia. LEGENDA FOTO 2 - Joan Armatrading: começando a aparecer no Brasil.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
7
02/09/1990

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