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Aramis

O brasileiros som dos Violados

O Banco Nacional do Norte não poderia encontrar melhor maneira para mostrar que, como diz a sua publicidade, é um amigo na praça. Patrocinando a excursão do Quinteto Violado a cinco importantes cidades do Sul, o Banorte ofereceu oportunidade de uma grande faixa de espectadores conhecer musicas representativas da cultura popular do Nordeste, na interpretação de um grupo de instrumentistas que há cinco anos vem desenvolvendo um trabalho da maior validade. Os 100 minutos do espetáculo apresentado no Auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, quinta-feira a noite e ontem, no Teatro Universitário, em Londrina, são uma lição de Brasil. O trabalho do Quinteto Violado, iniciado em outubro de 1971, quando estreou em Nova Jerusalém, no Interior de Pernambuco, tem dado bons frutos: cinco elepês na Philips, cada um mostrando uma evolução temática, mas fiéis as origens populares, em que pese uma natural preocupação de profissionalização do trabalho. Outros grupos de Pernambuco seguiram os seus passos - a Banda de Pau e Corda, por exemplo, a pureza da Bandinha de Pifanos de Caruaru ou o trabalho semi-erudito do Quinteto Armorial, mas os rapazes do Violado apresentam hoje uma recriação musical de altíssimo nível. "A Missa do Vaqueiro", tema de seu último elepê, foi transformada num show que pretendem trazer ainda este semestre a Curitiba, para temporada no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto. Em março, sai o sexto elepê do grupo. "Antologia do Baião", do qual deram uma pequena mostra no show de quinta-feira, com uma seleção de baiões de Zé do Norte, internacionalizados na trilha sonora de "O Cangaceiro" (53, de Lima Barreto). xxx É básico que o público do Sul conheça rica cultura popular do Nordeste. O Quinteto Violado (re) cria as canções e ritmos da região, numa embalagem fácil de ser aceita por ouvintes desacostumados com o gênero - e se isso lhe tem valido críticas, por outro lado tem permitido a conquista de um novo público, aparentemente impermeável aos ritmos regionais. Em relação aos espetáculos apresentados anteriormente (Berra Boi. Folguedo e a Feira, Teatro do Paiol), desta vez houve uma novidade: a substituição do flautista Sando por José Oliveira, 23 anos, ex-grupo Phetos e ex-Alceu Valença, também um virtuose extraordinário - integrando-se a brasileiríssima viola e acordeão de Fernando Filizola, ao violão de Marcelo Melo, a percussão de Luciano Pimentel e, principalmente, ao baixo de Toinho Alves, responsável pelos arranjos e direção do grupo. xxx Dois diretores do Sistema Financeiro Banorte, Milton Antonio Sacconi e Jacques Kraiser, juntos com o gerente local, Rolando Bergo, exultavam ontem: mais de 2 mil pessoas aplaudiram o espetáculo, exigindo inclusive três números extras. De maneira que o som dos Violados e a distribuição do folheto de cordel "Pé de Dinheiro do Banorte" de José Soares, contribuíram e muito - para fortalecer sua simpática imagem na praça. Um exemplo para os bem insensíveis as promoções culturais capazes de promover o Paraná.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
12/02/1977

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