O bom som catarina que não chegou até Curitiba
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de janeiro de 1988
O interesse por jazz e música instrumental tem crescido tanto que dois jovens empresários paulistas, Mauro de Andrade Zanetti, 27 anos, e Fábio Zenetti, 25, ambos de Santo André, donos de uma incrementada casa noturna, o "Jazz and Blues", criaram um selo alternativo para que bons músicos (e também vocalistas) tenham suas chances de aparecerem fonograficamente.
xxx
O primeiro lançamento foi a coletânea "Concentração", gravado ao vivo, com vários intérpretes. O segundo é o primeiro elepê solo de Pixinga, um baixista que lidera uma banda que vem crescendo junto aos meios musicais de São Paulo e Rio de Janeiro. Pena que, até agora, pela eterna falta de melhor distribuição, os discos desta nova etiqueta permaneçam inéditos em Curitiba.
xxx
Aliás, a falta de melhor comunicação faz com que também se desconheça em Curitiba os interessantes discos independentes que tem sido feitos em Florianópolis. Por exemplo, só nos últimos meses, nada menos que onze artistas catarinenses - ou radicados naquele Estado, fizeram gravações interessantíssimas.
xxx
Há álbuns coletivos - como o "Som da Gente", o "Projeto Ilha I", os "Canções da Ilha de Santa Catarina", os grupos Ratones e Tubarão, o Quarta Redenção km 8 (de Criciúma) e o Olho D'Água.
xxx
O Coral José Acácio Santana também fez um álbum, patrocinado pela Fundação Catarinense de Cultura ("O Contestado") e só o violinista Ricardo Boppré já tem três álbuns solos, todos produções independentes.
xxx
Agora, pergunte-se: alguma destas gravações que chegou a Curitiba? Se alguma vez, houve preocupação de se estabelecer um intercâmbio musical entre o nosso Estado e os barrigas-verdes?
xxx
Apesar dos milhões de bons catarinas que vivem no Paraná, a cultura que se faz naquele Estado (e atividades marcantes tem acontecido), é totalmente ignorada entre nós.
xxx
A propósito: poucos sabem que o atuante secretário municipal de Cultura em Florianópolis é o jornalista Luís Fernando Bond, 30 anos, ex-repórter de "O Estado do Paraná" - e irmão mais velho do nosso colega de redação, Nelson, 28 anos, responsável pelo visual deste "Almanaque".
Enviar novo comentário