O boi do Maranhão
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de outubro de 1989
Maranhão há vinte anos passados era um nome conhecido nacionalmente. Seu frevo "Gabriela", defendido no III Festival de Música Popular da TV-Record, pelo MPB-4, chegou a sexto lugar e se tornou uma música das mais cantadas. A partir de então, Maranhão - no registro civil Francisco Fuzzetti de Viveiros Filho, nascido em São Luiz, MA, em 17 de agosto de 1942, sempre sozinho, exceto "Mulata bem suada, abençoada" (um samba, com Renato Teixeira, também gravado pelo MPB-4) e "A Outra" (com Toquinho, gravada por Ivete).
Formando-se em arquitetura, preferiu voltar a sua cidade - e mesmo não abandonando completamente a música, ficou restrito aos limites regionais. Gravou dois álbuns para Marcus Pereira, chegou a produzir shows em São Luiz e, de quando em quando, aparece com um projeto especial.
É o caso de um interessante álbum cultural chamado "O Brejeiro", auto do bumba-boi maranhense para crianças, que desenvolveu em homenagem a professora Camélia Viveiros, sua mãe. Trabalho extremamente valioso do ponto de vista cultural, este auto ganhou uma cuidadosa produção do próprio Maranhão, gravando-o num estúdio de São Luiz, em julho do ano passado.
Dentro da tradição do Boi de Mamão, dona Camélia Branca Costa de Viveiros (São Luís, 1/3/1906-24/11/1970), que se dedicou durante toda sua vida ao magistério e se preocupou sempre na preservação do folclore musical brasileiro, recolheu um auto de Bumba-Boi para crianças, entre 4 a 10 anos, chamado "O Brejeiro". Consciente da importância deste trabalho não se perder, maranhão se esforçou em fazer uma bela edição, que com patrocínio de várias instituições (Secretaria da Cultura do Maranhão/SESI/EDUCAR) foi viabilizado. Além da gravação, acompanha o álbum uma cartilha de oito páginas que descreve o auto e estimula as crianças a participarem do mesmo. Um projeto importante em termos culturais e que ultrapassa as fronteiras regionais como documento de nosso folclore musical.
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