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Aramis

O blues de Jimmy e as saudades de Roy

Assumindo a representação do selo Black & Blue, o Estúdio Eldorado vem lançando uma série de importantes registros de cantores na linha blues - gênero que, pouco a pouco, vai conquistando o mercado. Nos últimos meses, saíram os álbuns Pinestosp Perkins, Luther Johnson, Slam Stewart (com Mild Buckner) e o álbum duplo "Blues Any Time". A estes acrescenta-se "Tribute to Orange" com Jimmy Dawkins (Tchula, Mississipi, 1936), notável guitarrista-cantor, ainda pouco conhecido no Brasil mas há muito curtido pelos fãs do Blues. Guitarrista desde os 16 anos, Dawkins mudou-se para Chicago há 35 anos. Quando passou a usar a guitarra elétrica ganhou o apelido de "Fast Fingers" (Dedos rápidos) e gravou com Johnny Young, Earl Hooker e outros, excursionando a partir dos anos 60 com ídolos como Otis Rush, Koko Taylor e Jimmy Rogers, acompanhando John Lee Hooker em sua excursão a Europa em 1970. Mas só em 1969 faria o seu primeiro elepê "Tribute to Orange", que apresenta agora no Brasil, foi gravado no Condorcet Studio, em Toulouse, em 30/11/1971, durante uma excursão que fez com o The Chicago Blues Festival. Nesta gravação, participou o guitarrista Clarence "Gatemouth" Brown, Cousin Joe no piano, Mac Thompson no biaxo e Ted Harvey. Todas as composições de sua autoria. A morte de Ray Orbison (1936-1988) coincidiu com o momento em que retomava a vida artística, após uma série de problemas pessoais que se refletiram em sua carreira. Por isto mesmo, independente de seus méritos, "A Black and White Night-Riy Orbison and Friends" (EMI-Odeon), ganhou uma cobertura especial ao ser lançado postumamente. Guitarrista, compositor e intérprete de muita força, este texano que viajou pela Europa mas se fixou por muitos anos em Hendersonville, Tennesse, autor de hits como "Blue Angel", "Running Scared" e "Pretty Woman" tinha um estilo muito seu de fazer uma música marcante, influenciando inclusive gente famosa em nossos dias - que pela admiração que por ele nutriam - participaram desta gravação realizada poucos meses antes de sua morte: T. Bonne Burner, Bruce Springsteen, Tom Waitts, Elvis Costelo, entre outros. Mais do que um disco, vale como um documento de um artista que melancolicamente, só começou a despertar o interesse do público brasileiro em termos póstumos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
25
24/06/1990

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