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Aramis

Novo romance sobre um velho personagem

Continuam a aparecer novos romancistas: Difel, por exemplo, está apresentando agora aos leitores brasileiros Michel Tournier ("Sexta-Feira ou Os Limbos do Pacífico"). Em "Sexta-Feira ou os Limbos do Pacífico" (tradução de Fernanda Botelho, 250 páginas, Cr$ 36.000), Tournier restitui à vida o herói criado por Daniel Defoe que encarna o drama do indivíduo solitário e da civilização - Robinson Crusoé. Numa ilha deserta no Pacífico, em pleno Século XVlll, Robinson é o único sobrevivente do naufrágio do Virginie. Recusando a [solidão], deseja somente sair da ilha. Entretanto, ao perceber que o seu desespero o leva à loucura, começa um processo de "Colonização", valendo-se dos objetos recuperados do navio. Não se contentando, porém, em fazer da ilha um lugar apenas para si próprio, instaura um reino com decretos de conduta para qualquer habitante que porventura possa surgir em Speranza. Redige um diário, cultiva arrozais, acumula provisões, doméstica cabras e transforma-se no agente civilizador. Até que um dia Sexta-Feira, um jovem selvagem, desembarca na ilha. Robinson empenha-se em que o selvagem se torne o seu companheiro, súdito, criado, aluno. Mas Sexta-Feira ri-se daquela ordem que Robinson pretende impor, provocando com seus atos inconseqüentes um desastre que destrói toda a obra de Crusoé. A catástrofe leva Robinson a desprezar todas as suas crenças e conceitos. Tudo está perdido: seu diário, suas previsões... mas não Speranza. E aqui se inicia uma nova e definitiva metamorfose para Robinson - que se deseja, também para todos nós - levando-o à descoberta "que não é o mundo que é perturbado pela ausência de outrem, ao contrário, é o duplo glorioso do mundo que se acha escondido por sua presença". Michel Tournier, parisiense, 61 anos, é diplomado em Filosofia e membro da Academia Gongourt. "Sexta-Feira ou os Limbos do Pacífico" foi o seu primeiro romance, tendo obtido o Grande Prêmio da Academia Francesa em 1967. A seguir lançou "Le roi des aulnes" (Prêmio Goncourt, 1970), "Les meteóres" (1975) e "Le vent Paraclet" (1977). Seu último romance, "Gilles et Jeanne" (1983) - que também será lançado no Brasil pela Difel - narra a história de Gilles de Rais, companheiro de Joana D'Arc. Como em todos os seus romances, também neste o herói de Michel Tournier pertence a um mundo em que a moral é criada a cada passo, em cada momento da narração.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Leitura
34
15/09/1985

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