Nos jornais, a fonte para se conhecer nossa história
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de julho de 1990
Só quem mergulha numa pesquisa sobre qualquer aspecto ligado a história sente a importância da Divisão de Documentação Paranaense da Biblioteca Pública do Paraná, pois só nos amarelecidos, corroídos e muitas vezes quase que inacessíveis jornais que desde o século passado vem sendo editados em Curitiba pode-se encontrar elementos auxiliares para estudos que reflitam aspectos históricos.
Neste momento sente-se a urgência em que sejam liberados recursos mais substanciosos para a microfilmagem de todas as coleções de jornais e periódicos da Biblioteca. Ao longo dos anos, o folhear diário - e o criminoso descaso de muitos "pesquisadores" que por ali passaram - foram destruindo estas únicas fontes de referência de nossa história, insubstituíveis e que tem, em letras de forma e ilustrações com antigos clichês, milhares de informações que permitem esclarecer dúvidas, abrir caminhos, possibilitar interpretações dos homens, fatos e coisas. Com toda razão, a direção da Biblioteca Pública - há anos preocupada com a microfilmagem de sua documentação - vem restringindo o acesso às coleções de jornais mais antigos somente aos volumes microfilmados - operação que se faz lentamente unicamente devido a falta de recursos. Muitas coleções não tem condições de serem mais folheadas, preservando-se a espera de que melhores dias cheguem para se fazer a tão necessária microfilmagem.
A situação tem aspectos ainda mais graves: algumas centenas de edições da "Gazeta do Povo", publicadas há mais de meio século, não constam mais do arquivo nem da própria editora do jornal e também se perderam na Biblioteca Pública. Para tentar completar a microfilmagem deste jornal, a direção da BPP faz um apelo quase impossível de ser atendido: se alguém dispuser, por milagre, de edições da "Gazeta do Povo" entre julho a dezembro de 1937; janeiro e março, outubro e dezembro de 1938, por favor leve-os a BPP para serem microfilmados. Entretanto, são raríssimas as pessoas que colecionam nossos jornais e mesmo o professor Oswaldo Pilotto, 89 anos, ex-diretor daquela Casa e autor da única história da Imprensa Paranaense, em sua preciosa coleção particular, só dispõe dos exemplares número um da maioria dos jornais editados no Paraná neste século.
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