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Aramis

No campo de batalha

Produtora de espetáculos com a maior experiência, responsável pelo (pouco) de bom que tem sido nos palcos da cidade nesta magríssima temporada, Verinha Walflor está cuidando de dois eventos diametralmente opostos: o show do Legião Urbana (sábado, ginásio do Tarumã) e o concerto dos Meninos Cantores de Viena (auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, dia 11). Embora dirigidos a públicos diversos e bem definidos, Verinha está preocupada em não embolar a divulgação dos dois eventos - cada um com sua faixa de apreciadores. Aliás, tomou o cuidado de só assumir a promoção local do Legião Urbana após ficar bem esclarecido o triste espisódio de Brasília, há três semanas, quando a apresentação daquela banda de rock terminou em grossa pancadaria, com muitos. Para que isto não se repita, foi montado um esquema especial de segurança no Ginásio de Esportes. xxx Entre tantos outros grupos de rock que apareceram nos últimos anos no Brasil, o Legião Urbana, formado em agosto de 1982, em Brasília (Renato Russo, baixo, vocais, Marcelo Bonfá, baixo) tem marcado suas composições pela sátira, dando ao terceiro álbum que fizeram o nome de "Que País é este - 1979/87". E um dos pontos altos da ironia de Russo, como letrista, é a quilométrica - mas atualíssima - letra de "Faroeste Caboclo", que justifica mesmo aos que não se ligam ao rock brasileiro, prestar atenção nestes legionários. xxx Poeta, educador, jornalista, Sidônio Muralha (Lisboa, 1920, Curitiba, 1980) tem sua memória preservada graças à dedicação de sua viúva: a médica Anna Buttler, incansável na divulgação de seus textos - reeditando-os ou lançando títulos que deixou inédito. Agora, Roberto Gomes, da Criar, pública um livro infantil de Sidônio. "Valéria e a Vida", com ilustrações de Flávio Colin. Poeta, viajante, homem do mundo, Sidônio mereceu várias premiações a partir de 1941 (quando publicou seu primeiro livro infantil, "Beco", poemas) e por sua obra infantil teve elogios de muitos críticos. Em "Valéria e a Vida", numa linguagem simples e enternecedora, faz um apelo ecológico, advertindo a respeito do futuro da humanidade caso não seja mudada a maneira como os homens vêm tratando nosso planeta. Entre os que se entusiasmaram com a leitura de "Valéria e a Vida" esteve Carlos Drummond de Andrade. A primeira edição saiu em Portugal, há 12 anos, quando recebeu o primeiro prêmio de "O meio ambiente na literatura infantil". xxx Continua a faltar a mínima orientação aos exibidores para melhor aproveitar os curtas-metragens, que por força de lei são obrigados a projetar como complemento das sessões de filmes estrangeiros. No Lido II, por exemplo, está sendo exibido "Frankenstein Punk", de Eliane Fonseca e Cao Hamburger - o grande premiado no III FestRio (novembro/86, quando fizemos parte do júri internacional), e que teve seus méritos referendados no Festival de Gramado no ano passado. Filme de animação, com bonecos, satirizando dois temas cinematográficos - "Frankenstein" e "Dançando na Chuva" (com aproveitamento também do tema musical de Ry Cooder para "Paris Texas"), "Frankenstein Punk" é um dos mais criativos curtas já realizados no Brasil. Mas sua exibição é despercebida, sem qualquer informação para o público. xxx Falando em cinema, decepcionante "Presente de Grego" ("Baby Boom"), em exibição no Lido II que com bom elenco - Diane Keaton e Sam Sheppard a frente e tendo por tema o novo modismo da comédia - problemas inesperados que a chegada de bebês provocam ("Três Solteirões e Um Bebê", a telenovela, "Bebê a Bordo"), é o exemplo do filme que se perde pela mediocridade do roteiro e direção. Aliás, também a versão que Leonard Nimoy fez dos "Três Solteirões e Um Bebê" - apesar de agradar ao público - foi fraquíssimo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
06/07/1988

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