No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de fevereiro de 1987
Juarez Machado, atualmente residindo em Paris, não tem motivos para se queixar da vida: seus óleos, de uma última fase, já estão sendo vendidos entre Cz$ 90 e Cz$ 100 mil. Jorge Carlos Sade, da Acaiaca, recebeu dois belos trabalhos que já encontraram compradores. O primeiro, aliás, fascinou tanto um colecionador que para fazer o pagamento ofereceu, como parte do valor, um ótimo Scliar.
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A legislação comercial é tão variável que administradores e empresários tem que recorrer cada vez mais a obras de consulta e quem ganha são as editoras especializadas. Agora surgiu uma editora que se intitula "Soluções Profissionais", e que está lançando uma coleção de seis volumes, 2.100 páginas, de autoria de Roque Jacinto.
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As "correntes" normalmente oferecem (e exigem) valores financeiros e trazem promessas a quem não as interrompe e ameaça aos que as ignoram. Agora surgiu um espirituoso cidadão que criou corrente que começa dizendo: "Beije alguém que você ama quando receber esta carta. Ela veio lhe trazer sorte".
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A única exigência é a de enviar 20 cópias "e aguardar boas notícias". A corrente nasceu na Venezuela e conta alguns exemplos (sic).
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Um oficial da FAB recebeu US$ 70 mil. Já Joe Elliot (?) recebeu Cz$ 246 mil mas perdeu tudo porque "quebrou a corrente". Há ameaças piores: nas Filipinas, Gene Felte perdeu sua esposa 6 dias após receber esta carta porque deixou de enviá-las.
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Mais dois exemplos: Constantino Dias recebeu a corrente e mandou sua secretária fazer as cartas. Alguns dias depois ela recebeu US$ 7 milhões na loteria. Já Dola Neischild recebeu a carta e não acreditou: jogou-a fora e nove dias depois morreu.
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Kei Imaguire, arquiteto, quadrinhólogo e pesquisador de cultura popular que gosta de estudar aspectos inusitados da dita cultura popular (já fez um interessante volume sobre grafismo) tem aí um bom tema para aprofundar suas pesquisas: as "correntes".
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Paulo de Avelar, 63 anos, paulista de Iguapé, chegou em Curitiba em 1940. Aqui foi bancário (Banco do Brasil), e, principalmente, participou do rádio e televisão, em seus anos dourados - durante 20 anos na PRB-2 até 1982 e na TV Paraná. Hoje, aposentado, animou-se a reunir suas memórias, crônicas e outros textos num livro intitulado "Aguapés", que será lançado no dia 28 de março no Restaurante Madrid. Paulo - que é marido da atriz Odelair Rodrigues, a quem dedicou muitos textos - explica que "Aguapés" é uma planta aquática, característica de sua cidade. "Escolhi para título esta palavra como uma homenagem às minhas origens", explica. O livro possui 146 páginas e sairá em edição financiada pelo próprio Paulo.
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A mais nova das etiquetas, a Lup Som, de São Paulo, parece que quer brigar pelo seu espaço e para tanto acaba de contratar um executivo, Gerald Loewemberg, diretor da Alldisc, para acertar no próximo Miden, em Cannes, as possibilidades de lançamentos de edições simultâneas de grupos e artistas europeus e latino-americanos no Brasil através do selo Lup Som.
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José Maria Santos não poderia ter uma consagração maior no encerramento de sua temporada no Guaíra: mais de 600 pessoas aplaudiram bastante a última apresentação de "Zé Maria procura Sarney para se Coçar", domingo à noite.
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Comédia digestiva, satirizando fatos do momento - e do qual não escapam nem o governador Álvaro Dias, nem o deputado Maurício Nasser, e, principalmente, o vereador Neivo Beraldim - esta produção será levada agora a várias cidades do Interior.
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Haverá também uma temporada em Florianópolis e para adequar as piadas políticas aos personagens catarinenses, um dos autores do texto, Aldo Schmidt, de Joinville, vem se atualizando com o folclore político de seu Estado.
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O telefone da residência do advogado Constantino Viaro não parou de tilintar desde o meio-dia de sábado, quando o secretário René Dotti confirmou, oficialmente, através de entrevista no Canal 4, o seu nome para a superintendência da Fundação Teatro Guaíra. Cumprimentos e votos de felicidade para um cargo espinhoso e difícil.
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O know-how de Viaro na área cultural é grande - especialmente pelo seu (excelente) trabalho como diretor administrativo da Fundação Cultural, que todas as forças conscientes sabem da felicidade e que representou a sua escolha. E com este prestigiamento imenso, esvaziaram-se, totalmente, as furadas pretensões de grupelhos da classe artística, que, a custa da lista tríplice, pretendiam impor nomes para o cargo.
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