No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de setembro de 1989
Apesar da crise, o ramo gastronômico cresce: aos 32 restaurantes que disputam boca-a-boca o mercado em Santa Felicidade, mais três nas próximas semanas. Um deles pertence à família Trevisani, do pioneiro "Cascatinha".
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O comendador Carlos Madalosso, hoje presidente da Associação Comercial e Industrial de Santa Felicidade, dono de três restaurantes no bairro, promete que em 1990 duplica a rede. Atualmente, nos fins de semana, dos 120 mil galináceos abatidos e consumidos em Santa Felicidade, 15 mil vão para suas casas. Não é sem razão que o simpático Madalosso é hoje um dos grandes contribuintes do Imposto de Renda no Paraná.
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Faltou espaço, terça-feira à noite, na galeria Waldir Simões: a mais bela - e prestigiada - vernissage ali aconteceu. Óleos maravilhosos de Juarez Machado, incansável e atencioso, recebendo cumprimentos. Como todos os óleos - cotados ente US$ 2 a US$ 6 mil - já haviam sido reservados, Juarez teve que concordar em vender alguns "pastéis" - esboços e estudos dos quadros, que, emoldurados, com seus (belos) textos informais, também resultaram em obras de arte.
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Yuppies bem sucedidos, amigos do marchand Waldir Simões, quando ainda estavam em fase de emolduramento, adquiriram trabalhos magníficos. Um dos privilegiados que conseguiu uma das telas mais belas foi o empresário Jayme Canet Neto.
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Só na quarta-feira pela manhã, quando da festa de entrega dos prêmios aos vencedores do concurso de contos, no Palácio Iguaçu, foi que o governador Álvaro Dias viu, afinal, a reedição de "Um Brasil Diferente", de Wilson Martins. Como o autor está em Nova Iorque, foi mesmo o secretário René Dotti quem fez a dedicatória, afetuosa, ao governador.
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René Dotti, aliás, preocupou-se com a notícia aqui publicada sobre as falhas técnicas na editoração deste livro, co-produção com a T. A. Queiroz, de São Paulo. Mas quem escolheu a casa publicadora foi o próprio Wilson Martins. Se tivesse dado chance a um bom editor local, como Roberto Gomes (que faz das tripas coração para dar continuidade a sua Criar), por certo que o processo editorial teria sido acompanhado pela competente Maria Cristina, assessora gráfica da Secretaria, e o resultado final seria melhor.
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Diversificando seus lançamentos - até agora bastante rígidos na área técnica - a Scientia e Labor - Editora da UFPR, que Leilah Santiago de Oliveira vem dirigindo com eficiência, lançou ontem (Galeria de Artes Banestado), "Poesia: Crítica e Autocrítica", organizado pelas professoras Angélica Soares e Denise Guimarães. O volume de 156 páginas reúne oito ensaios de fôlego, merecedores de leituras atentas e interpretações sólidas - como, por certo, Hélio Puglielli fará para o Almanaque. Um dos trabalhos mais interessantes é o de Magdalaine Ribeiro sobre "Desabar", definido como um "poema performativo" de Carlos Drummond de Andrade. Já Nicolino Novello estuda Adélia Prado ("Metapoema ou Metapoesia?"), enquanto João Batista Brito debruça-se sobre "A Atitude Metalingüística no Soneto Shakespereano". Angélica Soares abre o livro analisando "A Consciência Erótica do Literário no Poema de Autoria Feminina", enquanto Denise Guimarães faz aquele que, numa primeira leitura, é o ensaio mais atraente: "O Metapoema como Expressão do Erotismo em Drummond".
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Falando em linguagens, Ruy do Carmo Póvoas publica um texto com uma proposta de estudo do português falado no candomblé da Bahia ("A Linguagem do Candomblé - Níveis Sociolingüísticos de Integração Afro-portuguesa", 194 páginas, NCz$ 31,00, Editora José Olympio).
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