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Aramis

No campo de batalha

Em pé, o público aplaudiu Wilson Grey, ator em 219 filmes, 41 anos de carreira, após receber a homenagem na I Mostra do Cinema Latino-Americano, domingo a noite, no Lido I. Também em pé, entusiasmado o público reconheceu os méritos de "Leila Diniz", de Luís Carlos Lacerda, O Bigode, filme inédito (só hoje a noite, terá sua primeira exibição pública no Rio de Janeiro) que concorrerá, na segunda quinzena deste mês nos festivais de Brasília e Natal. A escolha dos filmes teve ótima acolhida pelo público. "Leila Diniz" é um filme de alto astral, iluminado, bem humorado e um verdadeiro canto de amor ao cinema. Seu realizador o trouxe a Curitiba, sem qualquer imposição financeira - ao contrário do que pretendia o diretor de "A Guerra do Brasil", que exigiu Cz$ 50 mil para que seu filme fosse projetado e ainda pretendia impô-lo na abertura da mostra. O secretário René Dotti fez um longo discurso de tiradas políticas e muitas citações. Falou tão amplamente, que o governador Álvaro Dias preferiu nem ler o seu discurso, falando de improviso. Aplausos múltiplos. Como qualquer evento cultural tem seus imprevistos, o cineasta Palito (Nivaldo Lopes), realizador de "A Guerra de Pente" (média metragem, programado para às 16 horas de hoje, auditório da Biblioteca), subiu ao palco e leu um texto em nome do grupo do Balão Mágico - ele, o cineasta Bolinha e os gêmeos Schulmann, reclamando maior ajuda aos jovens realizadores do Estado. Uma manifestação elegante, justa inclusive - e que merece ser atendida. René Dotti, falou em seguida, dizendo que para 1988 a Secretaria da Cultura vai destinar recursos substanciais aos bons realizadores da nova geração do Paraná. Emocionada, Stelinha Egg agradeceu a lembrança de Lindolfo Gaya, falecido dia 14 de setembro, aos 66 anos. Ela recebeu a homenagem das mãos de Berenice Mendes, cineasta que, há 4 anos, buscou em Gaya a música para seu primeiro curta em 35mm, "O Foguete Zé Carneiro". As famílias dos homenageados sentiram-se felizes pela lembrança do Governo Álvaro Dias em reconhecer o pioneirismo de quem, com sacrifício, entusiasmo e sem interesses autopromocionais, fez realmente a história de nosso cinema: o advogado Renato Requião recebeu a medalha em nome do avô, o pioneiro Anníbal Groff, que foi pioneiro nas filmagens e exibição, com o Smart cinema no início do século. O engenheiro e humorista Luís Groff passou ao seu irmão, Maximiano, a missão de representar a família na homenagem ao pai, João Baptista Groff. Imprevistos de última hora: devido a problemas insuperáveis, o escritor Márcio de Souza não pode vir ontem, para a mesa-redonda sobre Literatura e Roteiro no cinema Brasileiro. Também Ignácio de Loyola telefonou, preocupadíssimo, na tarde de segunda-feira: devido a grave enfermidade de sua esposa, Márcia, também não poderia vir para o encontro. Vera Brandão, executiva da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e que já organizou vários festivais cinematográficos, foi quem trouxe os interessantes vídeos científicos que estão sendo apresentados na Universidade Federal do Paraná e CEFET. Uma mostra paralela de grande interesse. Entre os filmes infantis, programados para as sessões da manhã e tarde no Lido I - coordenados por Peter Lorenzo (presidente da Associação Brasileira de Documentaristas-PR) está "Boi Liberato", desenho animado de longa-metragem, em estréia nacional. Muitos nomes importantes, participantes da mesa-redonda sobre imprensa, cinema & vídeo, chegam hoje e amanhã. Entre eles, mais de uma dezena de jornalistas de vários Estados.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
07/10/1987

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