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Aramis

Nicole ou de como ser de Floraí e virar "Ariella".

Nicole Puzzi sentia-se feliz, terça-feira. Cercada por repórteres de rádio e jornais, no hall do Cine Plaza, falava sobre o seu personagem em "Ariella". Coerente em suas declarações, desenvolvendo um raciocínio límpido e mostrando que para seus 22 anos, tem até uma razoável informação filmica, a atriz que o produtor Pedro Carlos Rovai escolheu para o papel-título do filme inspirado em "A Paranóica" de Cassandra Rios cumpriu sua parte: ajudou a motivar o interesse pela fita que a partir de hoje estará em exibição nos cies Plaza e Condor. O ator-diretor-produtor John Herbert (Buc-kup), 51 anos, 50 filmes em 30 anos de carreira, agora estreando em seu primeiro longa-metragem como diretor, também fazia colocações sobre o seu filme - onde longo aprendizado de cinema. "Em algumas seqüências, procurei transmitir a Antônio Meliande, diretor de fotografia, as imagens que, gostaria, lembrassem o David Hamilton, de "Billits", dizia Herbert, citando um dos mais belos filmes eróticos europeus, produzido em 1977, até hoje ainda inédito no Brasil. Dentro da produção comercial do cinema brasileiro, "Ariella" é um filme bem-acabado. Cuidado em sua fotografia, com um elenco uniforme, foge das grossuras que marcam 95% da linha pornoerótica que vem assolando as telas deste País. Trabalhando sobre um romance cansativo e monótono, fruto de uma visão moralista de uma falsa liberal - a madame Cassandra Rios, "Ariella" representava um desafio: afinal não era fácil transformar numa linguagem cinematográfica os cansativos capítulos iniciais, de muito blá-blá dispensável. O próprio Hebert reconhece esta dificuldade e admite que, mesmo com os cortes , as primeiras seqüências são lentas . Entretanto procurou rechear o filme com cenas eróticas - duas das quais estão transformando-o maior sucesso de bilheteria de 1980; em 3 semanas , no Rio de Janeiro rendeu mais de Cr$ 15 milhões o suficiente para cobrir o custo de produção Cr$ 2 milhões na época de filmagem (27 dias em janeiro/80), que é feita as correções monetárias , não ultrapassa a Cr$ 4 milhões. Para Herbet até agora com apenas 2 sketches em filmes igualmente eróticos (as comédias ''cada um da o que tem'' e" Já não faz amor como antigamente") razão de sobra para faze-lo sorrir bastante para se preparar para voôs maiores "não vou ficar fazendo filmes em torno de Cassandra Rios, absolutamente. Meu plano é adaptar agora um texto de Rubens Fonseca", explica Mas Cassandra, 46 romances editados, adorou o filme e já quer negociar outros títulos. Nicole Buzzi conta que foi a própria Cassandra que o escolheu, durante um jantar para interpretar o papel-título e que o romancista vai impor a sua mão em todos os filmes adaptados em seus livros, "pois ela gostou muito do meu tipo". Herbert teve uma versão pouca diferente: a escolha de Nicolle para o papel central foi de Rovai e dele, não tendo nada Cassandra a ver com o caso. Aliás, o relacionamento com o romancista não é nada fácil. Nicole, nascida em Florai e registrada em Mandaguaçu, filha de um pequeno comerciante que até se fixar em São Paulo, em 1960, residiu em Aldonia, havia aparecido antes em dois filmes de Walter Hugo Khauri e, numa ponta, em "O Gênio do Sexo". Mas, bem ensaiada, diz que sua carreira, "de fato" começou agora, com a incrível Ariella uma espécie de Emanuel paulistana, vivendo num casarão, em vitima de pais (adotivos maldosos e agindo como personagem e "Teorema" (1969, de Pier Paolo Pasoline), consegue, através do sexo, uma vingança familiar. A fotografia requintada de Meliande chegou a lembrar, em alguns momentos, um caro comercial de televisão. A trilha sonora do saxofonista argentino Hector Costita pode ser anotada para entrar na relação das melhores do ano: companheiro de geração de Gato Barbieri ("O Último Tango em Paris") e Lalo Schiffrin, ambos hoje consagrados compositores de "sound tracks" na Europa e Estados Unidos, Costita foi convencido por Herbert, seu admirador há muitos anos, de também entrar nesta área. E entre seus trabalhos de líder da melhor "big band" da noite paulista ( atuando no "Galery", o mais caro e sofistic do Clube privée de São Paulo) e algumas gravações, Costita desenvolveu temas que se casam, harmoniosamente ,as imagens . Ao piano ou nos metais , Costita passa musicalmente uma bela trilha musical, marcando todos os instantes do filme. Considerando que a maioria dos produtores tupiniquins prefere usar montagem de discos , geralmente com muito pouco bom gosto , na gravação das bandas sonoras, o fato Herbert ter valorizado o trabalho de um instrumentistas-compositor de talento ,já justifica aplausos nestes aspecto. Duas seqüências de ''Arilla'' -masturbação e homossexualismo feminino, entre as atrizes Christiane Torloni e Nicolle e Puzzi garantem, tranqüilamente, o interesse do grande publico, pelo filme, raciocina o distribuidor Isidora Lassalve , que ainda contabiliza os lucros de'' A Noite das Taras'': Cr$ 2.500.000,00 em um mês de exibição no cine plaza. Mas ao contrario daquela fita em Sketches o filme de Herbert procura uma sofisticação nas imagens , uma linguagem mais bonita- embora com os mesmos objetivos: um bom faturamento. A paranaense Nicole Puzzi , que aceitou um papel bastante atrevido, mostra algumas fotos que fez para '' Playboy'' e ''Status'' e diz : ''há uma diferença entre o erotismo e a pornografia . E quando lhe indagam sobre a barra de se tornar uma sexy - simbol, nega que seja ''sexy'' e diz : ''barra por barra , da para dar a volta por cima''. E lembra a blumenauense Vera Fischer, ex-símbolo erótico de pornochanchadas, hoje discretamente vestida nos vídeos das mais respeitadas famílias brasileiras. _''Eu chego la '', diz a moça de Florai. LEGENDA FOTO 1 - Nicole Puzzi vestida; na tela, despida.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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Tablóide
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09/10/1980

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