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Aramis

Nicolau, que não fique no número 1

Não é o primeiro, e por certo, não será o último. Mas representa a soma de esforços de uma equipe e, sobretudo, a vontade de oferecer um veículo cultural que possa ter circulação fora das fronteiras estaduais. Com festas e discursos, "Nicolau" foi lançado na terça-feira e distribuído como encarte de jornais numa tiragem de 130 mil exemplares. xxx O editor Wilson Bueno, 36 anos, cronista e contista requintado, autor de "Bolero's Bar", traz a experiência de anos de jornalismo cultural no Rio de Janeiro dos anos 60/70, período em que chegou a editar um crítico suplemento da "Tribuna da Imprensa". Bem relacionado, Wilson somou colaboradores de várias áreas, e, num fato difícil de ocorrer, a Secretaria da Cultura vai remunerar todos que participaram da edição, num projeto profissional que promete ter continuidade. Falta, evidentemente, ainda uma linha precisa de ação, mas isto é justificado pela própria característica de "democracia editorial" que o secretário René Dotti pretende ver implantada na publicação. "Nicolau" não pretende ser um órgão oficial da pasta da cultura em termos promocionais. Ou seja, não deverá trazer matérias laudatórias, releases e oba-oba aos donos do poder. Pelo contrário, se depender do que o secretário René Dotti propugna como jurista e professor há mais de três décadas, a Censura não deverá cortar mesmo artigos que contenham críticas ou posições ácidas. Desde que assumidas e defendidas por seus autores. xxx "Raposa", um sofisticado mensário que o mais famoso designer do Paraná, Oswaldo Miranda, fez sair das páginas do extinto "Diário do Paraná", para ganhar vida própria como órgão da Fundação Cultural de Curitiba, na administração Sérgio Mercer, se caracterizou por um requinte e elitismo que o afastou de grande faixa do público. Hoje, reconhece-se a importância daquela publicação, que ajudou Mirandinha a colecionar mais alguns prêmios em sua carreira de diretor-de-arte com curriculum internacional. Na administração José Richa, a Secretaria da Cultura lançou um único número de uma cara e gordurosa publicação, que apesar do alto custo de produção, não teve a menor repercussão. Nem sequer teve uma distribuição regular no Paraná, permanecendo como uma "Conceição": ninguém sabe, ninguém viu! xxx A crônica das publicações culturais no Paraná é um rosário de frustrações. Portanto, necessário uma corrente pra frente, de alto astral, pensamento positivo, para que este "Nicolau" não seja mais um jornal de muita festança no seu nascimento e anônima morte prematura.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
25/07/1987

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