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Aramis

Neste Natal, mais uma vez se ouviu Haendel

Com três apresentações de "O Messias" - oratório de Haendel, sob a regência do maestro Frederico Gerling Júnior e a participação da Orquestra Sinfônica da UFP e da Associação de Corais da Igreja Adventista do Sétimo Dia, o Teatro Guaíra encerrou as comemorações do seu centenário de fundação. Num lançamento dos mais oportunos - um verdadeiro presente de Natal aos que apreciam as grandes obras - a Polygran/Philips editou, há poucas semanas, um "Messias" (3lps, Cr$ 70.00,00), dirigido por John Eliot Gardiner, com a participação do Coro Monteverdi e do English Baroque Soloist. Como conta Luiz Paulo Horta, autor do excelente "Dicionário de Música" há pouco lançado por Zahar, a ligação de "Messias" com o Natal é fortuita, embora seja um hábito mais que tradicional na Inglaterra: é provável que a obra guardasse alguma ligação, originalmente, com o ciclo da Semana Santa. Seja como for - diz Paulo Horta - seu texto representa um notável resumo da visão cristã do mundo - tudo feito de citações bíblicas escolhidas com muito conhecimento de causa. Outro grande conhecedor de música, João Marcos Coelho, conta que a mais conhecida obra de Georg Friderich Haendel (1685-1759) vem sendo, há duzentos anos apresentada com alterações. Na gravação que agora a Polygran edita no Brasil - com a participação de Margaret Marshall, Catherine Robbin, Charles Brett, Antony Rolfe-Johnson, Robert Hale, e Saul Qurike, o maestro John Eliot Gardiner tenta fazer - na opinião de João Marcos Coelho - um "mix" das várias partituras executadas por Haendel em vida. "E, neste sentido, obtém um triunfo magnífico: consegue a um só tempo, transmitir o espírito e a transparência de sonoridade que o compositor pretendeu" - frisa o crítico da "Folha de São Paulo". Luiz Paulo Horta enaltece esta versão do "Messias", classificando-a de "deliciosamente doméstica" - isto é, conservando as proporções das execuções de amadoras tão comuns na Inglaterra. A tradição do Século XIX era exatamente o oposto: o "Messias", pela sua grandiosidade intrínseca, começou a ser feito usando-se contingentes sempre maiores de solistas e instrumentistas - até chegar-se a verdadeiras monstruosidades. Assim, diz Luiz Paulo Horta ("Jornal do Brasil", 20-12-84), "na versão doméstica", aflora muito melhor a relação entre texto e música; e vêem-se todas as articulações da obra. Isto não impede ou desaconselha que se façam versões diferentes; mas a de Gardiner é extremamente eficaz; tanto mais quanto a proporção "doméstica", está servida, aqui, por músicos de primeira água".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
20
30/12/1984

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