Login do usuário

Aramis

As músicas do Carnaval (I)

Incrível mas verdadeiro: não chegam sequer a 50 as músicas gravadas para este Carnaval. Não é de hoje que musicalmente o Carnaval vem se transformando de uma festa catalisadora do meio musical brasileiro (leia-se carioca) em evento turístico-folclórico, mas o que aconteceu este ano é de merecer estudos mais aprofundados. A ausência de músicas carnavalescas foi tão grande que as duas principais sociedades arrecadadoras - o SDDA (reunindo a UBC, Sadembra e SBACEM) e a SICAM, que desde quando foram fundadas, sempre editavam grossos catálogos de músicas carnavalescas, que este ano nem se deram a este trabalho. Seus escritórios regionais estão distribuindo partículas avulsas aos poucos dirigentes de orquestras e conjunto que as procuram e do material entregue a maioria é de músicas dos carnavais passados. Alberto Cunha, representante do outrora poderoso SDDA, vem entregando catálogo de 1976, que com 500 páginas, traz ao lado 257 músicas lançadas no carnaval do ano passado (163 marchas, 94 sambas e 14 frevos e carimbos), também as "marchas e sambas de êxitos permanentes". xxx As razões que podem explicar a total decadência da música de carnaval, são muitas e justificam um longo ensaio. Mas o fato é que, analisando-se o material distribuído pelas duas sociedades arrecadadoras - que estão sendo absorvidas pelo E.C.D.A ., ligado diretamente ao Conselho Nacional de Direito Autoral, secretariado executivamente pelo professor curitibano Noel Samways verifica-se que o debate carnavalesco, em termos musicais foi total. Afora o magro catálogo das finalistas da "Convocação Geral", promovido pela Globo - e reunidas em dois elepês, editados pela Som Livre, e excluindo-se os sambas-de-enredo das escolas dos dois grupos, tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro, não chegam sequer a 20 as músicas gravadas. E quando se lembra que houve ano de aparecerem mais de 500 músicas carnavalescas - 10% pelo menos de bom nível - se é obrigado a concordar com os pessimistas que há, muitos anos, vem falando na morte de Momo. xxx Até o final dos anos 50, o meio musical brasileiro, ou ao menos no eixo Rio - São Paulo, vivia em torno daquilo que se chamava de "música de carnaval" e música de meio-de-ano. Os sambas e, principalmente, marchas carnavalescas eram gravados no segundo semestre e a partir de outubro começavam a ser catituadas de todas as maneiras - os grossos 78 rpm trabalhados nas rádios, seus intérpretes comparecendo a programas de auditório (no início rádio, depois televisão), shows em teatros e clubes e até praças públicas. Muitas vezes até as chanchadas da Atlântica ou Herbert Richers, motivadas pelo carnaval, ajudavam a divulgar as músicas sempre tendo temas contemporâneos, tratados de forma satírica - e ilustrando assim, com o espírito bem brasileiro, os fatos, os homens & as coisas de cada ano. Um estudo da música de carnaval reflete muito de nossa história política, econômica e social. Tipos pitorescos, fatos marcantes, eventos - estão traduzidos em letras bem humoradas, que o povo, feliz e alegre, cantava nas ruas e clubes, entre os confetes, "pedacinhos coloridos de saudade" e a esfuziante lança-perfume - sonhos de um passado já distante.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
17/02/1977
olá passei aqui neste site por acaso,+lhe con fesso q adorei este site é muito bacana !!! bjussssssssssssssssssss

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br