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Aramis

Música Pop - Uma fonografia atual (IV)

PRESTON BILLY Pianista e cantor negro norte-americano descoberto pelos Beatles em 1969 foi revelado no álbum "Let It Be" um dos últimos trabalhos do quarteto de Liverpool. Contratado pela Apple, ainda em 69 fez o seu primeiro sucesso "That's Way God Planned It" que contaria no famoso concerto de Bangla Desh, organizado há dois anos. Posteriormente na A&M fez novos álbuns em 1972 teve outro hit nas paradas: "Outra Space", "Everybody Like Some Kind of Music" (A&M Records-Odeon, dezembro-73) é o seu mais recente lp editado no Brasil, fundindo gospel, blues, jazz e rock somando assim músicas de diferentes autores desde o "Space Race" a "Is Alright Mazes" de Bobby Dylan, mas evidentemente com a maioria das faixas de sua própria autoria: My Soul Is a Witness", "You've Got Me For Company", "Listen To The Wind" entre as mais interessantes. QUICK (BILL) Aqui apenas o registro do lançamento pela RCA-Victor deste novo cantor - Bill Quick totalmente desconhecido no Brasil até agora num lp sem nada de especial (edição Explosion, 204.2002). Todas as músicas são de sua autoria: "Take Me Away", "With You, Lord", "Get Me A Pony", "Only The Weather", "Somebody", "I Don't Think You're Listening" entre outras. MACLAUGHLIN (JOHN) & MAHAVISHNU ORCHESTRA Atenção por favor: vamos falar de um pessoal importante dentro dos confusos caminhos da música pop: o guitarrista John McLaughlin e a Mahavishnu Orchestra que tem dois lps nas lojas - um deles ainda contando com a presença do vigoroso Carlos Santana. Formado basicamente no Jazz, John McLaughlin foi guitarrista entre outros de Miles Davis da Graham Bond Ond Organization e da Tony Williams Lifetime antes de formar sua Mahavishnu Orchestra em fins de 1969. E com uma sólida base instrumental ele leva suas soluções sonoras para rumos totalmente diversos. Como escreveu Júlio Hungria uma música pode ser definida como uma combinação perfeita do free jazz - na textura melódica na liberdade de improviso na própria orquestração-integração entre a guitarra e o piano sintetizador (Jan Mourileux) e o violino (Jerry Condeman ex-Flock) com uma batida sutil porém firme de rock se encaminhando no ritmo da bateria de Bill Cobham e do baixo de Rick Laird. Mas uma definição muito mais exata vem do próprio McLaughlin aliás Mahavishnu irlandês, 31 anos apontado pela crítica internacional, como o maior músico vivo do rock no seu instrumento: "A música vem de Deus e meu ideal é ser Seu prefeito instrumento na música como em tudo". Intensamente religioso seguidor do iogue Sri Chinmoy desde 69, McLaughlin faz realmente de sua música a expressão de forte sentimento místico que explica em grande parte os audazes e inesperados vôos de interpretação. "Birds of Fire" (CBS 137816, outubro - 73) é o segundo lp da MAHAVISHNU: editado no Brasil pois anteriormente a mesma CBS aqui lançou o extraordinário "The Inner Mounting Flame". Gravado em janeiro do ano passado neste lp a união da técnica mais que perfeita de McLaughlin e seus músicos com um implacável feeling espiritual cria não apenas experimentos audaciosos em compassos como 11/8 e 19/2 ("Celestial Terrestrial Commuters", lado A, faixa 3) e vôos espirais de intrincada orquestração apoiados em sólida base ("One Word" B1) como momentos de pura e serena beleza às vezes com algum sabor country ("Thousand Island Park", 45 e "Open Country", B3). Como escreveu Júlio Hungria quando no "JB" no álbum também uma homenagem a outro guru - mais terreno mas igualmente notável: "Miles Beyond" A2 um tributo a Miles Davis também autor de faixa título. E foi com Davis que McLaughlin fez o seu primeiro lp no avançadíssimo "Bitches Brew" álbum duplo em que também participou o paranaense Airto Guimorvan Moreira. Ao mesmo tempo que "Birds of Fire" sai no Brasil, a CBS edita outro álbum importante de McLaughlin: "Love Devotion Surrender". Ainda ditando Hungria um dos jornalistas brasileiros mais informados sobre a Mahavishnu este lp foi fruto imediato da conversão de Carlos Santana a orientação mística do Uiogue Sri Chinmoy confissão de paz. Robert Palmer da "Rolling Stone" americana, notou logo, na foto na contracapa do disco as sutis diferenças de atitude de ambos diante da crença e da música - que a crença expressa: McLaughlin com um meio sorriso repleto da auto-confiança com as mãos nas costas de Santana como que guiando-o; Carlos de cabeça baixa, com a seriedade compenetrada no neófito. Do álbum nacional foi retirado o longo texto com que Chinmoy discorria sobre a importância do amor a nobreza da devoção o sublime da entrega (Surrender). Mas a seleção de títulos confirma a tendência religiosa do disco: "A Love Supreme" (de Coltrane como "Naima"), "The Love Divine", "Meditation" e a adaptação de um tradicional hino cristão "Let Us Go Into The House of The Lord". Ainda citando Hungria: musicalmente LDS é quase um bloco contínuo de sons onde as guitarras de McLaughlin (mais limpa e técnica) e Santana (mais pesada e distorcida) dialogam e duelam livremente sobre uma base que pode ser muitas vezes latina ou free jazz mas que fundamentalmente é rock: alto, veloz e marcado. São dois lps dos mais interessantes e que adquirem uma especial significação para quem se preocupa em acompanhar a música contemporânea. MCGUINN (ROGER) Sem a importância de McLaughlin o cantor Roger McGuinn também apresenta um curioso trabalho em seu lp de estréia no mercado brasileiro (CBS, 137820) apresentando músicas próprias ou fazendo arranjos de temas tradicionais - como "Heave Away", "The Water Is Wide" entre outros. SHANANA Revelado no festival de Woodstock em 1969 o Shanana é formado por uma dezena de músicos dos quais cinco dançarinos intérpretes exclusivos de rock e roll. É assim um grupo essencialmente visual com seus integrantes apresentando-se maquilados e trajados a maneira dos ídolos do rock nos anos 50, com clichês e poses daquela época. Quase que ignorado na França o Sha-Na-Na tem boa aceitação em alguns centros universitários dos EUA. Seus integrantes são os seguintes: Scott Powell, John Contardo, Frederick Dennis Greene, Don York, Rich Joff, Eliott e Chris Donald nas guitarras; Bruce Clarke no contrabaixo; Screamin Scott Simon no piano, John Bauman também no piano; Lennie Baker no sax e Jocko Marcellino na bateria. A Phonogram editou agora um lp reproduzindo uma apresentação do grupo na universidade de Columbia em Nova Iorque a 1º de março de 1971 nos EUA editado por uma pequena etiqueta chamada Kama Sutra. Todas as músicas são dos integrantes do próprio grupo. SLADE Quarteto inglês formado por Nobby Holder (cantor e guitarrista), Dave Hill (guitarrista e cantor), Jimmy Lea (contrabaixo) e Don Powell (bateria) o Slade também aparece em 1969 inicialmente no estilo "Skinheads" - numa linha agressiva lembrando uma nova aparência; é que deixaram os limites do Reino Unido. Em suas apresentações colocam o volume sonoro dos instrumentos ao máximo e através de apresentação muitas vezes circenses conseguem estabelecer um grande contato com o público - em especial os mais jovens. Há quem compare seu sucesso em 72 como foi o dos Beatles de 63-65, dos Monkees em 67 e do T. Rex em 1971. Apesar da aceitação popular, raríssimos críticos de música pop tem apoiado seus discos. E quem quiser "ouvir" o que eles fazem tem agora uma oportunidade com a edição de "Sladest" (Polydor/Phonogram 2383137), onde apresentam composições próprias - que, se for seguida a recomendação dos seus "criadores" deve ser ouvida no máximo volume que o amplificador permitir. E que o ouvido (e os vizinhos) aguentarem. SLY AND THE FAMILY STONE Formação americana qualificada de Rhythm & Blues, o SFS foi formado em Redwood City próximo de San Francisco, por um ex-disc jockey e um veterano produtor, Slystone, na verdade chamado Sylvester Stewart, 30 anos. Ele reuniu seu irmão guitarrista Freddy, sua irmã, Rosie (pianista cantora) a Gregg Enrico (baterista), Larry Grahan (contrabaixo e vocal), Jerry Martini (sax) e Cynthia Robinson (trompete). Sly (cantor organista guitarrista, harmônica) começou a trabalhar com o conjunto a partir de 1967, na linha R&B com arranjos extremamente excitantes para o público que assistia as apresentações do grupo. Em 1969, participando do festival de Woodstock, o conjunto teve um grande lançamento publicitário, apresentando uma música muito característica com solos marcantes de sax ou de trumpete próximos ao free jazz. A partir de 1971 bastante valorizados fonograficamente (cinco milhões de francos por cada álbum na CBS), o conjunto diminuiu suas apresentações públicas embora continue a gravar uma média de um lp por ano. "Fresh" (CBS/EPIC, 133113) é mais um disco do grupo que a CBS edita no Brasil com músicas do líder Sly Stewart.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
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10/02/1974

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