Login do usuário

Aramis

Música

Após o Focus, a grande revelação instrumental-vocal da música pop no ano passado, temos mais uma excelente novidade: Eksption, grupo instrumental holandês criado em abril de 1968, herança de um grupo chamado Jokers, bastante popular nos países baixos. O primeiro disco do grupo saiu em setembro de 1968 e nele o conjunto já demonstrava sua filiação à corrente do pop-erudito (Emerson, Lake & Palmer, Rick Wakeman, Pink Floyd, Procol Harum etc.), gravando a 5ª Sinfonia de Beethoven, numa adaptação muito própria e que foi imediatamente um sucesso internacional. Formado por Rein Van Den Broek (trompete, trombone), Dick Remelink (flauta, sax), Cor Dekker (guitarra base), Peter de Leeuwe (bateria, guitarra), Rick Van Der Linden (piano, órgão moog sintetizador), o Eksption procura fundir o que existe de melhor no jazz e pop as grandes obras clássicas, com um resultado dos mais positivos, como pode se observar neste seu primeiro lp editado no Brasil ("The Best Of Eksption", Philips, 6423057, fevereiro-74). Aqui o grupo gravou o "Concerto" de Tchaikovsky (1840-1893), "Ritual Fire Dance" de Manuel de Falla (1876-1946), "Dança do Sabre" de Aram Khachaturian (1903), "Alla Turca" da Sonata nº 11 em Lá Maior de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), "Rhapsody in Blue" de George Gershwin (18998-1937) e "Rondó" do Concerto nº3 em Dó Menor de Ludwig Van Beethoven (1770-1827). Mas é de Johann Sebastian Bach (1685-1750) a maioria das peças executadas neste lp: a Badinerie da Suíte nº2 em Suíte Maior, "Ar", "Concerto Italiano" e "Partita nº2 em Dó Menor. Dois arranjos especialíssimos são "Coral" e "Ave Maria", com fragmentos da "Fuga em Ré Menor", "Ave Maria" e "Prelúdio nº1 em Dó Maior" de Bach (ilustração). Perante um grupo de tanta personalidade e criatividade como este sexteto holandês sente-se realmente a importância do trabalho de músicos da maior consciência profissional e sólida formação musical no sentido de traduzir para uma nova geração os grandes momentos da música erudita. Com arranjos de Rick Van Der Linden, pianista e organista do grupo, todas as peças selecionadas são mantidas em seu núcleo básico - podendo assim serem ouvidas pelo mais radical e acadêmico fã de música clássica sem que ele possa acusar de deturpação a peça. Entretanto as idéias dos rapazes recriam o trabalho e traduzem-na para uma faixa de público que ignorava e procurava manter este desconhecimento. Acredito que trabalhos como o do Eksption, Emerson Lake & Palmer, Procol Harum e alguns grupos do melhor nível do universo pop fazem mais pela difusão da música clássica entre os jovens do que todas as tentativas oficializantes de impor uma cultura tradicional vista com restrições pela garotada. Absorvendo a linguagem pop com que grupos como este Eksption lhe oferecem peças de Tchaikovsky, Bach, Khachaturian ou do norte-americano Gershwin, meninos de 10, 12 ou 13 anos que consideram "careta" a chamada música clássica vão naturalmente descobrir-lhe a beleza, a dimensão e, sem sentirem, estarão em breve num outro estágio de cultura musical.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Nenhum
18
26/02/1974

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br