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Aramis

Musas... de Chuteiras... (II)

Em seu deliciosamente irônico "Musa de... Chuteiras..." (edição do autor, 1938), Fábio Júnior dedica poesias a 14 "astros do futebol paranaense" na época, alguns já falecidos: Gabardinho (Elysio Gabardo), André Kupchak (Dula), Rodolpho Patesko, José Fontana (Rey), Ajolilo Buzetti Bambú), o lendário Caju (Alfredo Gottardi), Theodorico Pizzatto (o Tank), Uriel Fernandes (Teleco), Luiz Andretta, João Carnieri, Parahilio Borba (o Borbão), Francisco G. Bahr (Francisquinho), Ary Carneiro e Esteliano Pizzatto. Pela sinceridade e bom humor de suas trovas - representativas da admiração (ou às vezes irritação) de um italo-brasileiro fanático por futebol, teatro e cinema, como era José Busetti Mori (1870-1945) - nome verdadeiro de Fábio Júnior - pelo menos uma parte deste seu hoje raro livro poderia ser aproveitado em complemento a edição de uma série de reportagens que o jornalista Quintilhano Machado Neto, publicou em O ESTADO, entre 1966/67. Aliás, apesar de toda a briga que cerca o futebol no Estado - e uma prova foi a guerra de ontem a noite pela presidência da Federação também neste setor nunca houve o menor interesse pela preservação da história do esporte e divulgação, para as novas gerações, dos grandes craques e acontecimentos do passado. Já que agora a FPF tem um novo Presidente - e no momento em que redigia a coluna o resultado da eleição ainda era desconhecido - seria o caso da nova diretoria publicar em livro as reportagens de Machado Neto, junto com uma antologia de outros trabalhos ligados ao nosso futebol, como este "Musas de... Chuteiras...". Também o professor Francisco Cardoso, o famoso Helenico, tem pronto há anos uma história do futebol paranaense, que apesar da qualidade do trabalho, ainda não encontrou editor. Busetti Mori, imigrante italiano, autodidata que chegou a ser professor de português em Curitiba de 1899 a 1903, tradutor de peças teatrais de Pirandelo, Giacossa e Niccodemi, entre outros autores, ele próprio tendo deixado muitos textos (inclusive uma curiosa "Shoot em goal", comédia esportiva em três atos, nunca encenada) poderá ter sua obra revalorizada em breve, graças ao esforço de uma de suas netas, a simpática Elinir B. Mori, artista plástica e assessora administrativa da Diretoria de seu ilustre antepassado. O empresário e crítico de cinema, Arnaldo Fontana, da Record e Rex Pneus, também descendente de José Busetti Mori (é seu bisneto pelo lado materno) também interessou-se em pesquisar a participação do velho italiano no cinema e teatro em Curitiba no início do século. Em "Musas de... Chuteiras...", uma das mais entusiasticas poesias é dedicada a Caju, glorioso Atlético Paranaense, cuja sede, ainda hoje, já sexagenario, frequenta todas as tardes. "Goal-keeper" de valor, a magestade Do arco, empolga, arrebata a sua torcida Provoca no rival fugaz vontade No "despejo"... (o caju só faz descida...) É rubro-negro e roxo de vaidade. Faz, às vezes, alarde de saida, Quando, cohesa, a linha ataca e invade O reduto, impetuosa, na corrida. E é então que a invicta cidadela tomba. Em paga da "visagem" de quem zomba De sua pericia... Mas o guapo arqueiro Na defeza se empenha bem a fundo, Encrespando, nervoso e furibundo, Na investiva ao audaz, febril dianteiro. LEGENDA FOTO 1 - Caju (charge de João Turin, 1938) xxx As modificações no Ministério das Relações Exteriores da Argentina, que provocaram várias substituições no Exterior - inclusive a muito comentada aposentadoria do embaixador no Brasil, José Maria Tavarez de Toledo, que era sogro do deputado Ivan Ferreira do Amaral Filho (1941-1974), atingiram também o Paraná. O cônsul Carlos Alberto Espina, que se encontrava em Curitiba desde abril de 1973, volta a Buenos Aires neste fim-desemana e já se encontra aqui, respondendo pelo Consulado, o diplomata Rafael Antonio Gonzales, da Embaixada em Brasilia. Ao contrário de seu antecessor, Adolfo Gonzales Aleman, - hoje no consulado de Foz do Iguaçu - que nos cinco anos que passou em Curitiba fez centenas de amigos, pelo seu espírito jovial e simpatia irradiante, Espina manteve discreta vida social nos 20 meses que aqui residiu. Tendo deixado sua esposa, senhora Maria Magdalena Leopold, com seus nove filhos em Buenos Aires, Espina residia em kitchenet próximo ao Passeio Público, fez poucos amigos e cultivava apenas um hobbye: o hipismo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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Tablóide
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24/01/1975

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