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Aramis

Muitos risos nesta viagem

Surpresas cinematográficas sempre acontecem. E "O Expresso de Chicago" (Cine Astor, ainda hoje, sessões às 13, 15:15, 17:20, 19:45 e 22 horas) é uma delas. De um cineasta menor, como Arthur Hiller, que com exceção de "Não Podes Comprar Meu Amor" (The Americanization of Emily, 1964) - irreverente crítica aos serviços de relações públicas do Exército americano, durante a II Guerra Mundial - nada mais fez de importante, chegando inclusive a assinar "Love Story" (um dos maiores desastres artísticos na carreira de qualquer cineasta), não se poderia esperar nada de especial. Entretanto "Silver Streak" é uma comédia das mais bem estruturadas, com um roteiro imaginoso e que cria uma série de situações divertidas e mesmo com um certo suspense. Na extensa filmografia sobre a "ferrovia e o cinema" - e eis aí um bom tema para pesquisa a ser feito por gente organizada, como por exemplo, o também ferroviário Denizar Zanello Miranda - são muitas as aventuras policiais ambientadas ao longo de viagens de trens. Do mestre Hitchcock - "A Dama Oculta" (The Croy Vanishes, 1938) ou "Pacto Sinistro" (Strangers On a Train, 1951) a recente superprodução "Assassinato no Expresso Oriente" (Murder on the Orient [Express]", 1974, de Sidney Lumet), o cenário móvel de confortáveis composições - que inveja para nós brasileiros, ainda com nossas ferrovias com atraso de 100 anos! - permite sempre, a colocação de personagens em múltiplas situações. "O Expresso de Chicago", com as aventuras de um tímido editor (Gene Wilder, em última atuação), num envolvimento amoroso, coom Hilly (Jill Clayburgh) e a [conseqüente] perseguição de uma quadrilha de falsários de obras de arte, comandada pelo diretor do Instituto de Arte de Chicago, Devoraux (Patrick McGooha), é um filme onde se nota, antes de tudo, a mostra do profissionalismo: amplos recursos de produção e um elenco competente (mencione-se ainda o simpático Richard Pryor, como o ladrão que ajuda George em suas trepolias), obtendo resultados dos mais estimulantes em termos de entretimento. A direção de Hiller foi, desta vez, artes altamente clara, deixando a trilha sonora de Henry Mancine, que mesmo não atingindo momentos maiores de sua obra, é sempre agradável. Se cinema é diversão (também) "O Expresso de Chicago" é o tipo exato de filme que se pode recomendar. É numa temporada de péssimas opções, ganha até um destaque maior.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
27/07/1977

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