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Mostra para inglês ver perde público

Apenas 4 (quatro) espectadores se animaram a assistir "Perdidos em Amsterdan", de Pim de la Parra, 50 anos, nascido em Paramaribo, Suriname, na sessão da meia-noite, domingo, no Cine Ritz. Tentativa de fazer um filme noir, com uma trama repleta de clichês decalcados dos clássicos do gênero, "Lost in Amesterdan", rodado em preto e branco, falado em inglês, frustrou quem esperava ver um filme de qualidade. Programado inicialmente para o dia 20, sua exibição foi antecipada porque teria sido classificado para o Festival de Cinema de Ottawa. Outro filme da mostra, a produção coreana "O Caminho de Changsong", de Lee Doo-Young - programado para o dia 19, não virá mais: foi selecionado para o Festival do Cairo e o produtor já levou a cópia que estava em São Paulo. Será substituído pela produção argentina "Permisso para Pensar", 1988, de Eduardo Meilij, um documentário sobre os anos peronistas (1944/1955 - 1973/78), com material de arquivo. xxx Com exceção de "O Mahabharata", de Peter Brook - que foi considerado pelos paulistas como melhor filme da mostra, e aqui teve exibição no dia 5, em sessão com entrada livre (será reprisado às 15h do dia 22), todos os outros filmes mostrados até agora estão tendo uma freqüência reduzidíssima. Além de serem produções desconhecidas, o fato de apenas 10 dos 40 filmes programados terem legendas em português afastou o público e mesmo os que conhecem inglês ou francês, estão com dificuldades de acompanhar as versões originais devido à precária qualidade do som. No dia 4, quando "Five Corners" substituiu a "City Life" na abertura, houve apenas 65 espectadores pagantes. O número tem oscilado em torno de 80/100 espectadores nas 4 sessões diárias, somando-se os convites e as entradas pagas. No dia 8, por exemplo, apenas 49 pessoas se animaram a comprar ingressos para assistir "São Paulo, SP" e a medíocre comédia inglesa "Freiras em Disparada", de Jonathan Lynn. xxx Embora ainda faltem oito dias para a mostra encerrar - o que acontecerá com a pré-estréia de "Asas do Desejo", de Win Wenders (que logo terá um lançamento comercial) - e surpresas podem acontecer, há poucas possibilidades do público aumentar. Até o prefeito Jaime Lerner, fã do cinema estrangeiro e que pessoalmente fez questão de que a Fucucu bancasse esta promoção (de custo de Cr$ 2 milhões), só foi assistir a "Five Corners". Para hoje está previsto um longa tcheco que talvez consiga melhor público: "Andorinhas por um fio" (Skrivanci na Nitich), que Jiri Menzel (famoso por seu "Trens Estritamente Vigiados", Oscar de Melhor Filme Estrangeiro-1967) realizou em 1969, mas que permaneceu proibido até esse ano por fazer uma sátira ao domínio soviético que se implantou em 1968 na Tchecoslováquia após a chamada "Primavera de Praga". Mais pela sua contestação política do que por méritos de cinema, "Andorinhas por um fio" (que vem em cópia com legendas em inglês) levou o Urso de Ouro no último Festival de Berlim - prêmio que dividiu com "Muito Mais que um Crime" (Music Box), de Costa Gravas. Outro filme programado para hoje destina-se aos que curtem os livros de Castañeda e poções miraculosas: "A Semente da Árvore" (The Seed of the Tree), México, de John Urich-Sass, falado em inglês). Em 35 minutos, este média-metragem mostra as experiências de um antropólogo nas montanhas de Oaxaca, no México, provando drogas fortíssimas fornecidas por um velho curandeiro. Para completar a programação, um filme inglês, de 58 minutos (também sem legendas) em que Joy Chamberlain, cineasta inglesa aborda um tema capaz de atrair uma faixa especial de espectadores "entendidos": o homossexualismo. Na segunda-feira, "Desejo", documentário de Stuart Marshall (e com montagem da mesma Joy) entusiasmou a platéia gay: mostrou o nudismo na Alemanha no período 1910/45, se concentrando na perseguição nazista aos homossexuais, com declarações de testemunhas da época. LEGENDA FOTO - "Andorinhas por um fio": premiado por razões políticas em Berlim, este filme tcheco, sem legendas em português, será exibido hoje no Cine Ritz.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
14/11/1990

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