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Aramis

A mestre Pórcia, com o carinho de um ex-aluno

Há homenagens e bajulações. As primeiras merecem registro - embora muitas pessoas que justificam lembranças acabem sendo esquecidas. As bajulações devem ficar no silêncio, já que são características dos medíocres. Uma homenagem mais do que justificada é a que uma das mais estimadas educadoras do Paraná, a professora Pórcia Guimarães Alves receberá amanhã, por parte do corpo docente do Centro Educacional Guaíra, da qual foi a fundadora. A homenagem é simples mas significativa: a inauguração de seu retrato numa galeria especial na sede deste estabelecimento. Dentro da comunidade Curitiba, Pórcia é uma das pessoas mais conhecidas e admiradas. Professora e psicóloga, hoje aposentada da Universidade Federal do Paraná é um nome de expressão nacional - uma das poucas paranaenses que mereceu verbete na Barsa, entre outras obras de referência. Pórcia tem viajado muito: congresso, cursos no Brasil e Exterior tem motivado seus constantes deslocamentos, afora sua atividade na organização do Conselho Regional de Psicologia, da qual foi foi presidente na seção do Paraná e a quem se deve a moralização da profissão, que se não fosse o empenho de pessoas como Pórcia, estaria hoje bastante comprometido já que, nós últimos anos, os cursos de psicologia se tornaram << modismo >> - haja vista a inflação de psicólogos na praça, disputando um pequeno - e difícil mercado de trabalho. *** Ao receber a homenagem do Centro Educacional Guaíra, Pórcia estará fazendo uma espécie de retrospecto de uma fase da educação no Paraná que, nas três últimas décadas, teve sua participação intensa. Em 13 de março de 1952 instalava o Centro de Estudos e Pesquisas Educacionais, quando o professor e historiador Newton Carneiro ocupava a Secretaria da Educação e Cultura, nomeado pelo seu amigo Bento Munhoz da Rocha Neto, então governador do Paraná. Um ano depois já um novo secretário de Educação (Aliás, esta é uma das pastas que teve maior número de ocupantes em sua história), João Xavier Viena, atendia ao pedido de Pórcia para que houvesse um local onde fosse possível desenvolver as atividades do estágio de aperfeiçoamento para professores no Paraná. Um dos mais conhecidos educadores brasileiros, Anísio Teixeira, que havia assumido a direção do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, conhecendo o dinamismo e competência de Pórcia, Tinha convocado para esta missão no Paraná. E assim nascia o Centro Educacional Guaíra, então numa rua aparentemente distante - Lamenha Lins, 1962, em bairro novo e populoso - hoje dentro da zona central da cidade, já que o boom imobiliária foi intenso nos anos 50/60. Recorda Pórcia que << o prédio em forma de M, com amplo terreno ao redor, estava muito além daquilo que imaginaria. Ainda assim, o aceitei e passei às providências para o seu término >>. E, com habilidade e energia, Pórcia conseguiu não só a conclusão do prédio como teve que utilizar muita psicologia para convencer alguns técnicos sobre detalhes aparentemente sem maior importância, mas que, na verdade, preocupavam. Por exemplo, insistiu em que fossem colocados vidros transparentes nos basculantes << para que a visibilidade e a imaginação dos alunos não ficassem limitadas à sala de aula; que eles pudessem olhar para fora, para longe, ver o verde e as flores que rodeavam a escola. Árvores e flores que eu planejava plantar. Nas salas de aula a cor foi o verde claro, do chão ao teto, sem as barras que dividiam de forma inestética as salas, como era de uso >>. Na parte externa a cor cinza, com detalhes do branco nas faixas que adornavam a construção. Depois veio a luta para conseguir o mobiliário escolar, quando também inovou: procurou abandonar a carteira fixada e acoplada, para dar aos alunos maior liberdade. Após muitas sugestões, de várias fábricas de móveis escolares, Pórcia optou por um modelo leve, dinâmico, condizente com a sua finalidade. Trazia como inovação a tampa lisa e completamente horizontal, na parte superior, o que favorecia a sua justa posição para formar mesa para trabalho em equipe. Dentro da caixa carteira, a ranhura para colocação do lápis e da caneta. Abolia-se assim, o buraco tradicional da época buraco tradicional da época do tinteiro. Afinal, a década de 50 já trazia as primeiras esferográficas ou as canetas-inteiro - quem não se lembrar da Parker 51, que agora, 30 anos depois, acaba de sofrer um << new look >>, na tentativa de reconquista do mercado que perdeu para outras fórmulas mais práticas, sistema << one way >>, como os fabricados pela multinacional franco-americano Bic> *** São pequenos detalhes, na extensa biografia de Pórcia que a fazem uma personalidade fascinante, memória viva da educação no Paraná. Ao lado de outros professores - entre tantos admiráveis mestres que vêm, sucessivamente, educando gerações de paranaenses - ela tem muito a contar. Fatos insignificantes aparentemente, mas que têm sua importância. A escola foi inaugurada a 8 de janeiro de 1954, com a presença de nomes famosos no ensino, como Anísio Teixeira e Prado Kelly, coincidindo com a XI Conferência Nacional de Educação, que foi encerada com a presença do baiano Antônio Balbino, então ministro da Educação e Cultura. Quando ainda estava trabalhando na implantação da Escola, alguém perguntou a Pórcia por que a rua se denominava Lamenha Lins. Não soube responder. Levou a pergunta à equipe do Centro de Estudos e Pesquisas Educacionais. Ninguém sabia dizer não só quem tinha sido Lamenta Lins, como também quem tinha sido muitos outros que davam nomes às ruas da cidade. Foi organizada então uma equipe para o levantamento biográfico dos << nomes das ruas >>: de início, daqueles que abrigavam edifícios escolares e prédios públicos. Pronto o trabalho, com a biográfia sintetizada dos homens que haviam merecido a homenagem da cidade e batizavam as ruas da capital, foi o mesmo mimeografado e distribuído a todas as escolas de Curitiba. Só 10 anos depois, outra admirável mestre, Maria Nicholas, continuaria a pesquisa, resultando o referencial << Alma das Ruas >>, cujo primeiro volume só saiu em 1967, graças ao empenho pessoal do então prefeito Omar Sabbag e a boa vontade de diretor de Imprensa Oficial, João DeDeus Freitas Neto. O segundo volume adormeceu por mais de 10 anos, e só recentemente foi publicado. Ainda fala um terceiro volume para completar o levantamento da professora Maria Nicholas, que poderia ser transformado numa espécie de << guia biográfico das ruas da cidade >>, com ilustração e dados mais completos de cada rua. Isto se a Prefeitura se motivasse com as sugestões que recebe e que sua área cultural não ficasse restrita às << genialidades >> da << barocracia >>, como diz o irreverente e corajoso Marques de Sade, o Jorge Carlos, cuja coluna, hoje nas páginas 13 e 14 de O ESTADOS, vêm tendo cada vez maior número de leitores. *** Muito se poderia falar ainda de Pórcia e de sua experiência no Centro Educacional Guaíra. Foi ali que ela sentiu os problemas das crianças superdotadas, que a levou a instalar, em 1956, o Serviço de Orientação Psicopedagógica e, mais tarde, cria uma escola para os chamados << minigênios >> - que tal como os excepcionais negativos, também têm problemas de ajustamento em classes com crianças de nível mental normal. O muito que Pórcia aprendeu muito nos 8 anos que dirigiu o Centro Educacional Guaíra, inclusive ali fundamentando a sua tese concurso à catedral de Psicologia Educacional dos cursos de Pedagogia e Didática da então Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Paraná (<< Contribuição ao estudo da repetência escolar, 51 páginas, 1961, edição da autora). Nos anos 60/70, Pórcia dedicou-se a um estabelecimento particular para ensino de crianças superdotadas e ao magistério superior. Hoje, com a jovialidade de sempre, continua participando da vida intelectual do Estado, embora desfrute de uma justa aposentadoria - e possa viajar ainda mais. Como Pórcia, há muitos outros mestres que merecem o carinho e admiração. Vamos lembrá-los? FOTO LEGENDA - Pórcia.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
09/05/1980
Olá ! Eu me chamo Josiane Lopes, e venho por meio desta solicitar uma ajuda, pois meu filho que tem apenas 4 anos de idade, apresenta caracteristicas de uma criança superdotada, com apenas 3 anos ele já estava lendo, e atualmente escreve e faz historias no computador. Será que posso contar com a ajuda de vcs, pois todos me falam para que eu procure instituiçoes que possam o avaliar, mas onde recorri os testes de QI sao um absurdo no valor de R$ 800,00 . Será que posso contar com o apoio do governo. Muito obrigada deste já ! Josiane lopes Mãe do pequeno LUIZ HENRIQUE LOPES

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