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Aramis

Mesmo em crise, o cinema brasileiro tem festivais

Parece até uma incoerência: a produção cinematográfica caiu a nível praticamente zero e este ano não chega sequer a meia dúzia os longas-metragens nacionais lançados no circuito comercial - enquanto mesmo filmes premiados da safra 89/90 (como "Stelinha") permanecem inéditos. Entretanto, três importantes festivais de cinema estão confirmados para o segundo semestre: XXIV Festival de Brasília (3 a 9 de julho) . o XVIII Festival de Gramado (agosto) e, após uma interrupção de dois anos, a XVII Jornada Internacional de Cinema da Bahia (20 a 26 de setembro). xxx Esdras Rubin, o hoje internacional executivo do Festival de Gramado, entusiasmado com o que viu no último festival de cinema em Havana (novembro / dezembro 90) pretende compensar a falta de uma produção mais representativa para o evento gaúcho com um programa de filmes latino-americanos. Já o Festival de Brasília, que está tendo uma organizadíssima produção, acenará este ano com generosos prêmios e, introduzindo uma novidade, patrocínios a todos os filmes que ali forem apresentados - seja em 16mm ou 35mm. Com isto, bastando ser aceito no festival (as inscrições encerraram-se no dia 6 de junho e a lista dos classificados deve ser divulgada neste final de semana) os produtores receberão Cr$ 5 milhões (longas) e Cr$ 500 mil (curtas) por filmes inéditos. As premiações, em 25 categorias, passam dos Cr$ 30 milhões. Paralelamente a parte competitiva, o festival terá debates, simpósios, exposições, workshops e mostras informativas. xxx O cineasta, professor e pesquisador Guido Araújo, idealizador há 30 anos da mais importante mostra do cinema documentário na América do Sul, nos dizia, no ano passado, durante o último Festival de Brasília, que só voltaria a organizar a hoje consagrada Jornada Internacional de Cinema da Bahia se houvesse reais condições de efetivá-la. Apesar do prestígio que esta mostra alcançou pela seriedade com que é organizada, Guido Araújo, documentarista com uma obra notável, tem sofrido o pão-que-o-diabo-amassou para, ano após ano, conseguir viabilizá-la. Com mais prestigiamento de entidades internacionais - sensíveis à forma com que a jornada acontece - do que apoio local, Guido cansou-se de carregar sozinho esta responsabilidade e nos últimos dois anos cancelou o evento. Felizmente, as entidades culturais (e o governo Antonio Carlos Magalhães) acordaram e assim, somando esforços, a Universidade Federal da Bahia, a Fundação Gregório de Matos e a Fundação Cultural do Estado ( da qual Guido já foi diretor) deram condições para que a 27a edição venha a acontecer em setembro, tendo como lema "Por um mundo mais humano". Aberto a filmes e vídeos (em vários formatos), com uma ampla programação paralela , a jornada merecerá posterior registro detalhado. O cineasta Fernando severo, que com ajuda do Bamerindus e agora, mais Cr$ 500 mil da Fundação Cultural, está concluindo o seu aguardado curta "Os Desertos Dias" (ex- "Longas Sombras no Fim da Tarde") quer finalizá-lo antes do dia 31 de julho para poder inscrevê-lo. Afinal, na última jornada (1988), Severo trouxe várias premiações com o seu "O Mundo Perdido de Kosak".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
09/06/1991

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