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Aramis

Mesmo com vídeo, o Rio-Cine foi adiado

Abrindo cada vez mais para o vídeo - como opção natural em poder apresentar produções recentes, inclusive internacionais, assim mesmo o Rio-Cine Festival foi obrigado a adiar a sua sexta edição - programada originalmente entre 13 a 22 de agosto último, para novembro. Até ontem, as irmãs Vilma e Valquiria Barbosa, diretoras do Centro Cultural mantido pelo Governo do Estado do Rio que organiza, desde 1964, esta mostra competitiva, ainda não tinham conseguido definir a data exata, o local e, especialmente, os recursos para que mais esta promoção também não tenha que ser adiada. O cancelamento, este ano, do FestRio, que também desde 1984 era realizado em novembro - e cuja última edição, no ano passado, só foi possível graças ao Governo do Ceará (o que obrigou o FestRio a se deslocar para Fortaleza) abriu uma brecha maior para que a astuta Valquiria Barbosa, presença sempre ativa nos festivais, transferisse para o final do ano o festival que organiza. xxx Acostumado a conviver com crises - nos anos mais duros de repressão com a Censura e má vontade do poder federal e, nos últimos anos com a crônica falta de recursos, o mais antigo dos festivais de cinema do Brasil - o de Brasília, terá sua 23ª edição, programada entre 10 a 16 de outubro. Este ano, com o fim da Embrafilme/Fundação do Cinema Brasileiro, toda a promoção será da Fundação Cultural do distrito Federal. Quatro experientes executivas de festivais cinematográficos - Margarida Oliveira, a paranaense Cuka, Moema e Bia Barcelos - já estão agilizando o evento que além da falta, natural, de recursos, encontra outro problema mais grave: a mínima produção de filmes inéditos (e mesmo curtas) em condições de disputar os 25 "Candangos" - 13 para longas, 10 para curtas 35mm e 2 para 16mm, mais 72.500 BTNs em prêmios (aproximadamente Cr$ 3.800.000,00). as inscrições estavam abertas até o final deste mês em Brasília, São Paulo, Rio e Porto Alegre, sendo possível um adiamento no prazo para recebimento dos longas e curtas que serão submetidos ao júri de pré-seleção, já que alguns estão ainda em fase de finalização. O importante, é conseguir um número mínimo de filmes, que permitam um festival enxuto, modesto - mas bem organizado, como aliás o que foi realizado no ano passado. xxx Sem abandonar as premiações para curta e média-metragem, nas bitolas de 16 e 35mm - e também a escolha do melhor filme de longa-metragem entre a produção exibida em 1989/90 - o Rio Cine Festival se preocupa em privilegiar a produção em vídeo, nas bitolas U-matic e VHS. Para isto existirão troféus "Sol de Prata" e "Sol de Ouro" para melhor documentário, experimental, ficção e musical (U-matic) e direção (U-matic e VHS). Mostras especiais, incluindo seleções de vídeos apresentados em mostras internacionais, também deverão serem apresentadas durante o Festival. Para isto, a ausência do FestRio, cuja área de vídeo, dirigida pela competência de Hamilton Costa Pinto, facilitará as irmãs Barbosa trazer para a sua mostra muitos trabalhos em vídeo que estreados em festivais na Europa e Estados Unidos, prioritariamente seriam destinados ao FestRio. Como este não acontecerá, assim como a respeitada Jornada da Bahia, que Guido Araujo realizou por 17 anos, pela segunda vez foi cancelada, tornou-se mais fácil o contato do Rio-Cine com alguns promotores de eventos internacionais. Estes, sim, em países nos quais a cultura é respeitada e que, independente de outros problemas, tem sua continuidade assegurada.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
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02/09/1990

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