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Aramis

Memórias de Juarez (I)

Com bom humor e simpático, o marechal Juarez (de Nascimento Fernandes) Tavora, 76 anos, volta a dedicar algumas páginas a Curitiba, no segundo volume de seu livro de memórias "Uma Vida e Muitas Lutas"( Livraria José Olympio Editora, Coleção Documentos Brasileiros). Se no ano passado, no primeiro volume ("Da Planície à Borda do Altiplano") o ex-candidato da UDN à presidência da República (1955) recordava seus tempos de jovem tenente em Curitiba, e os convites que recebia de então casadouras de tradicionais famílias paranaenses, interessadas no garboso e solteiro oficial do Exército, agora, nas páginas 154/158 desta segunda parte de suas memórias, Juarez Távora fala dos meses em que voltou à nossa Capital, como chefe do 1o Batalhão Rodoviário e da Comissão de Estradas de Rodagem no Paraná e Santa Catarina, de abril de 1939 a maio de 1940. Os trabalhos então afetos à C.E.R. distribuíam-se em quatro setores: o da rodovia Curitiba-Ribeira, constantes, apenas, de conservação; os da ligação São Francisco Forte Marechal Luz, já em fase de conclusão; os da rodovia Curitiba-Joinvile, em fase de implantação. Coube a Juarez Távora a conclusão da ligação do trecho Rincão-Rio Bonito, da Rodovia Curitiba-Joinvile, aberto ao tráfego a 29 de fevereiro de 1940, em solenidade ao qual estiveram presentes os interventores Manoel Ribas e Nereu Ramos, dos dois Estados e o comandante da 5a R.M., general Lúcio Esteves. Um dos episódios que Juarez Távora recorda neste capítulo refere-se ao de suas dificuldades de hospedagem em Curitiba, logo que aqui chegou em maio de 1939. "Hospedaram-me com a família - mulher, três crianças e uma empregada - no Hotel Johnscher, cujas diárias não se compatibilizavam, satisfatoriamente, com os meus vencimentos de tenente-coronel. Pus-me, por isso, imediatamente, em campo, para alugar casa, onde morar. Após dois ou três dias de intensas buscas, descobri uma relativamente moderna e bem mobiliada, com pequeno jardim provido de balanço para as crianças, bem situada, no alto da Rua Marechal Deodoro, e por aluguel razoável. Mudei-me, imediatamente, para lá. Mal porém me havia nela instalado, fui informado por um dos oficiais do Batalhão, de que aquela casa não era residência adequada para a minha família, pois a simpática francesa, proprietária da mesma, que partira recentemente para a Europa, ali levara vida nada edificante. Um pouco perplexo com essa revelação, ainda tentei, impacientemente, encontrar nova pousada, menos comprometedora para a família, Baldado esforço. Nada encontrei que pudesse comparar-se, em conforto material e conveniência financeira, com a ex-mansão da francesinha de vida fácil. E repensando bem, no caso, acabei tomando uma decisão isenta de preconceitos: continuar morando na casa que, anteriormente, ocupara a alegre Madame Mémin... Afinal não havia nela sinais visíveis de pecado, a não ser um telefone, todo branquinho, instalado à cabeceira da cama de casal. Se fosse o caso, mandaria mudar-lhe o número, para evitar chamadas indiscretas. Felizmente, ninguém nos importunou. Minha decisão fora um alívio para todos, especialmente para a pequenada, que dificilmente se conformaria com perder o balanço do jardim..." LEGENDA FOTO 1- Juarez
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
05/01/1975

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