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Aramis

Maria Bueno, santa ou somente uma mulher?

O anunciado projeto do diretor Oracy Gemba em montar uma peça sobre a lendária figura de Maria Bueno (1870-1893) - já inclusive com data marcada para estréia (Guaíra, 27 de setembro) está fazendo ressurgir os debates em torno de uma propalada santidade daquela personagem , cuja morte, em circunstâncias dramáticas - a transformou num mito, fazendo com que há 80 anos o seu túmulo no Cemitério Municipal seja o centro de orações e romarias - de milhares de fiéis que acreditam em seus poderes sobrenaturais. xxx Há 4 anos, o projeto de levar a vida de Maria Bueno ao teatro desenvolvido pelo jornalista Walmor Marcelino, na peça "Os Fuzis de 1894", foi suspenso poucas semanas antes da estréia; a Censura não liberou o espetáculo, que vinha sendo ensaiado há meses com grande elenco sob a direção de Gemba. Agora, Oraci está escrevendo um novo texto em torno do mesmo assunto - trabalho que ocupa há 4 dias no Lar Lapeano de Saúde. A equipe do grupo Momento, responsável pela montagem de "Marat Sade", prepara a produção do novo espetáculo, sendo que ainda não foi decidido quem viverá o papel título, atualmente com 3 atrizes cotadas: Denise Stocklos, em São Paulo, Tonica e uma terceira cujo nome Gemba guarda em segredo. xxx Preocupado com as notícias divulgadas a respeito de Maria Bueno como santa, o respeitável Angelo Antonio Dallegrave, 64 anos bibliotecário aposentado e durante 27 anos produtor da "Hora do Angelus", se apressou em escrever um artigo na "Voz do Paraná", destruindo qualquer auréola em torno da personagem: "Não, Maria Bueno nunca foi "Santa" como dizem. Nunca imitou a Jesus Cristo e nem nunca será canonizada". Em seu texto, Dallegrave recorda aspectos relacionados com a morte de Maria Bueno, uma mulher de cor parda, cujo corpo foi encontrado quase degolado num terreno baldio da Rua Campos Gerais (hoje Vicente Machado) e sepultada a 29 de janeiro de 1893 no Cemitério Municipal no túmulo que levou o nº 3.903. Maria Bueno foi assassinada pelo seu amante o anspeçada do 8º Regimento de Cavalaria José Diniz e a arma empregada foi a navalha. O assassino foi julgado em 13 de julho de 1893, sendo absolvido por unanimidade. Voltou ao quartel, e, em 1894, por ocasião da Revolução Federalista foi fuzilado, diante dos portões do quartel, por ter assassinado um comerciante nos arredores do Bacacheri.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
12/07/1974

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