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Aramis

Mais uma galeria para nossas artes

Há 20 anos a Cocaco, de Eugênia Petrus, na primeira quadra da Rua Ébano Pereira, numa velha casa de saudosa memória, era a única galeria de arte da cidade. Fundada na segunda metade dos anos 50, graças ao idealismo de três jovens - Ênio Marques Ferreira, Loio Persio e Manoel Furtado - a Cocaco havia passado para Eugênia, filha de um habilidoso marceneiro, que conseguia equilibrar os gastos como pioneiros do mercado de artes plásticas com a rentabilidade de área de molduras. Entretanto, no pequeno espaço da galeria de artistas paranaenses se formou e, nos fins-de-tarde, ali se encontravam jovens e idealistas pintores, escultores, ceramistas ou simples interessados, que, no entusiasmo da juventude alongavam os bate-papos intelectuais pelos também saudosos bares das proximidades - o Jockey, Para todos ou o já sofisticado Trocadeiro, que a taberneira Ingebor Rost havia instalado na primeira quadra da Rua XV de Novembro. xxx O tempo passou, a primeira Cocaco mudou de endereço e hoje raramente promove exposições (se consolidou como indústria de móveis) e a cidade cresceu. Da geração dos anos 50 que freqüentava seu espaço generoso e amigo, muitos já partiram para sempre - como o inesquecível Franco Giglio - outros deixaram Curitiba, e os que aqui ficaram estão afastados dos bares da vida. Em compensação, o mercado das artes plásticas prosperou - especialmente depois que Jorge Carlos Sade, com sua bem administrada Acaiaca trouxe maior profissionalismo a intermediação dos objetos de arte. A concorrência cresceu e embora haja uma natural disputa entre os marchand-de-tablaux da cidade, quem ganha é o público consumidor, com maior número de opções. xxx Hoje, dia 3, a cidade ganha mais uma galeria - Simões de Assis ( Rua Duque de Caxias, 511-A ), que chega com pretensões altamente profissionais. Um jovem arquiteto, Waldir Simões de Assis Filho, primogênito do delegado da Receita Federal no Paraná, vovência no meio plástico, conhecendo as potencialidades do mercado - especialmente dos trabalhos de arte como elemento de decoração ( área na qual atua com grande sucesso), decidiu ter a sua galeria de arte, que, em suas palavras, "se propões a ser um espaço cultural, trazendo a Curitiba a pintura, desenho, gravuras e escultura de artista de outros Estados, que, somados aos paranaenses, compõem um grupo atuante, pretigiado e de grande destaque na arte contenporânea brasileira". O catálogo da mostra inaugural dos mais sofisticados: em formato 13x13 cm, impresso em papel de primeira linha, 24 páginas, traz reproduções dos trabalhos dos artistas convidados para a coletiva de inauguração: Antonio Augusto Marx, Antonio Henrique Amaral, Antonio Maia, Becheroni, Bruno Giorgi, Carlos Bracher, Carlos Eduardo Zimmermann, Carlos Scliar, Christina Parisi, Cláudio Tozzi, Fang, Gustavo Rosa, Ivald Granato, Jorge Guinle (filho), José Paulo Moreira da Fonseca, Juarez Machado, Rones Dunke, Calabrone, Sônia Ebling, Ruben Esmanhoto, Rubens Gerchman, Tito de Alencastro e Vlavianos. Realmente, um time para ninguém colocar defeito... xxx Hoje á noite, entre as centenas de convidados locais, alguns dos artistas-expositores estarão presentes: além dos curitibanos Zimmermann, Esmanhoto e Rones, também os paulistas Becheroni (escultor), Alencastro e, do Rio, Juarez Machado - o bom "Catarina" que viveu intensamente a época da geração Cocaco - e Jorginho Guinle, primogênito do mais famoso playboy deste país.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
03/07/1984

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