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Mais um título para o paraibano Joffily

José Joffily, um paraibano que se "londrinizou" há mais de 20 anos, ao ponto de não querer mais deixar o Paraná nem mesmo para disputar o governo de seu Estado - como foi cogitado no ano passado pelo PT e uma coligação de partidos oposicionistas - não pára com suas atividades intelectuais. Autor de 13 livros em que tem tocado em assuntos incômodos da história oficial, dando sua visão de homem sempre em busca da verdade, Joffily é o mais novo membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Numa atitude inédita, a diretoria daquela academia decidiu, na noite em que Joffily seria admitido como sócio-correspondente, modificar sua categoria: passou a sócio titular. Razão: ao invés de preparar um simples discurso protocolar de posse, Joffily acabou publicando um novo livro-oração ("Mudanças de Mudancista", edição do autor). Como sempre fundamentando-se em ampla bibliografia e pesquisas, o autor de "Anayde: Paixão e Morte na Revolução de 30", estabelece um quadro das seis mudanças de capitais ocorridas no Brasil: de Salvador para o Rio de Janeiro entre 1696/1763 (67 anos); de Oeiras para Teresina, no Piauí, entre 1851/52 (1 ano); de São Cristóvão para Aracaju, em Sergipe, em 1855; de São João Del Rey para Belo Horizonte, entre 1894/1897 (3 anos), de Goiás para Goiânia (1935/1937) e do Rio de Janeiro para Brasília (1956/60). xxx Joffily, 70 anos, ex-deputado federal pela Paraíba, em quatro legislaturas e que cassado pelo AI-5 reiniciou sua vida como empresário em Londrina - ali fundando a Herbitécnica, hoje uma das maiores indústrias de defensivos agrícolas do país, tem se caracterizado como um investigador acurado da história, procurando sempre o máximo de documentação - com as quais ilustra seus livros. Foi ele quem redimensionou o episódio da revolução de 1930, a partir de uma revisitação de quem foi na verdade Anayde Neiriz, noiva do jornalista que assassinou João Pessoa. Baseado nesta revisão histórica, a cineasta Tizuka Yamasaki realizou o filme "Parayba, Mulher Macho", com roteiro de Joffily Filho, primogênito do escritor. Aliás, Zezinho tem pronto o roteiro para uma produção baseada em outro importante livro de seu pai, "Morte na Ullen Company", sobre um fato ocorrido em São Luiz do Maranhão há 58 anos passados. Impossibilitado de realizar este filme - uma co-produção que exige recursos imensos - José Joffily Filho conseguiu concluir este ano o seu excelente thriller policial, "Sampaku - O Olhar da Ambição", premiado no Festival de Cinema de Gramado mas ainda inédito no circuito comercial. xxx Depois de ter levantado vários temas polêmicos ligados ao Nordeste - em obras como "Industrialização na Paraíba", "O Plano Salte", "Fatos e Versões", "Distorções e Revoluções", "Revolta e Revolução", "Anayde" e "Porto Político", Joffily escreveu um demolidor livro sobre Londrina ("Londres/Londrina", editora Paz e Terra, 1983), que até hoje não teve nenhum ponto contestado, biografou a vida do líder comunista Harry Berger - que detonou a Intentona Comunista - e levantou um interessante incidente ocorrido no Porto de Itajaí, que teve repercussão internacional, mas até então era pouquíssimo conhecido ("O Caso Panther"). Atualmente, trabalha num livro sobre quilombos no Brasil, a respeito do qual, por enquanto, não revela maiores detalhes. - "Estou ainda pesquisado e só gosto de falar de meus livros quando já estão concluídos", justifica.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
30/11/1991

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