A máfia funqueira
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 01 de outubro de 1989
Na pobreza musical deste ano - na qual as gravadoras buscam, com desespero, conjuntos ou solistas capazes de acontecerem em termos de vendagem (veja por exemplo, o esforço feito pela CBS em torno de Paulo Ricardo, ex-RPM, para emplacar uma carreira solo), a EMI-Odeon vem apostando forte, desde julho, no grupo Máfia, de São Paulo, liderado por Skowa (Marco Antonio, 33 anos). Embora fundado há dois anos, é agora, com o álbum "La Famiglia", que o grupo ganha um grande espaço nos jornais e revistas, além de um circuito de shows para tentar chegar a uma faixa de consumo jovem.
Para tanto, seu líder assume a linha do Funk ("está voltando na onda de releitura do rock") e com os nove integrantes de sua banda, o conjunto tem já um bom tempo de estrada. Skowa (o apelido veio dos tempos de escola, de Escovão), chegou a gravar 3 discos com o grupo Xoro Rocho com o qual viajou para a Europa (onde morou por um ano e meio) e depois, retornando, tocou com Itamar Assunção, a Gang 90 e com os divertidos Premeditando o Breque e Sossega Leão.
O Máfia já existia mas o encontro com Skowa foi importante em termos de consumo jovem a EMI-Odeon deu condições para fazer um elepê com amplos recursos e cujo lançamento foi acompanhado de farto material promocional. Há quem veja até conotações sociais em algumas faixas, como em "Estação São Bento", onde o grupo "retrata o cotidiano das pessoas que vivem nos grandes centros urbanos", como escreveu Claudia Nonato. Já "Passam as Horas" e "Atenção" são mais para o romântico, enquanto "Deus me Faça Funky" é a versão de Skowa para "God Me Funky", da banda Head Hunters que acompanhava Herbie Hanoko nos anos 70 - e que nesta gravação tem até uma participação de Ed Motta. "África Brasil" (Zumbi), de Jorge Ben, é a faixa de maiores pretensões em "internacionalizar" o seu ritmo.
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