Login do usuário

Aramis

Leon entrou na era do CD reeditando até Celestino

Dando uma mostra de que não se assustou com o Plano Collor e embora tendo feito uma reestruturação em seus projetos para 1990, a "Revivendo" justifica o seu nome e continuará a ressuscitar o que há de melhor em nossa música popular. O produtor Leon Barg não só está lançando mais cinco álbuns com novas jóias de nosso cancioneiro como decidiu ampliar de dois para cinco o primeiro pacote de reedições em CD que fará no Brasil. Para tanto, Leon deverá investir US$ 22 mil para que a Microservice - única indústria de Compact Disc na América do Sul - lhe entregue dentro de algumas semanas os CDs, já com capas impressas - e cuja repercussão lhe valeu, antecipadamente, reportagens até na televisão. No início da semana, antes de viajar para São Paulo, Leon entregou a uma sobrinha que embarcava para os Estados Unidos - aonde serão masterizadas - as preciosas fitas que montou com o melhor de Francisco Alves (1898-1952), Orlando Silva (1915-1978), Carmen Miranda (1909-1955), Vicente Celestino (1894-1968) e o cantor mexicano Pedro Vargas, que estarão em três dos cinco CDs da "Revivendo". Os outros trarão antologias do tango, gênero com público dos mais fiéis - e que até hoje praticamente inexiste no catálogo de 1.500 CDs produzidos no Brasil - obrigando os seus cultores a recorrer a importações da Argentina (mas onde a indústria do CD ainda capenga). Já tendo passado os 50 títulos pela "Revivendo", e fazendo com que seu trabalho desenvolvido em Curitiba venha alcançando repercussão nacional, Leon Barg acredita que a tiragem inicial de mil cópias para cada CD deverá encontrar um público certo, "ainda pequeno evidentemente, mas que permite um risco calculado neste projeto", diz em sua prudência de empresário inteligente que viabiliza o lado de colecionador e conhecedor profundo da música popular, dono de um dos maiores acervos em 78rpm e LPs do país. Ao mesmo tempo que Leon Barg faz com que as reedições de cantores praticamente ignorados pelo público com menos de 45 anos - como Vicente Celestino - cheguem ao status do laser (e Celestino, com seu vozeirão operístico, deixou folclóricas histórias sobre suas sessões de gravações, pois cantava tão alto que nem podia aproximar-se dos microfones paleolíticos da época), a produção de música clássica atinge um nível de sofisticação tão grande que, a exemplo do que já acontece no Japão e Estados Unidos, também a CBS, a partir do lançamento da coleção "Digital Masters", decidiu abandonar o sistema vinil, substituindo-o somente por gravações em fita mini-cassete em cromo e CDs, conforme registramos em nossa coluna de ontem. LEGENDA FOTO - O CD só vai ao mercado dentro de algumas semanas, mas a capa já está pronta: Orlando Silva, Chico Alves, Carmen Miranda e até Vicente Celestino reeditados pela iniciativa de Leon Barg, de Curitiba.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
05/05/1990

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br