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Aramis

Léo, o ex-Miquinho, quer ser um cantor comportado

Léo Jaime está mais sério. É verdade. Surgindo com a imagem escrachada, hilária, punkabilly no grupo João Penca & Seus Miquinhos Amestrados, Léo Jaime, goiano, 24 anos, estava na linha da frente do sucesso com dois elepês, um dos quais violentamente mandado para o espaço da censura de vários tipos - como lembra a jornalista Ana Maria Bahiana. O outro, o malcriado e noir "Sessão da Tarde" - enquanto que seguindo exemplos de outros cantores-compositores (como o paranaense Arrigo Barnabé), Léo também partia para o cinema, como ator em "Rock Estrela", de Lael Rodrigues e "As Sete Vampiras", de Ivan Cardoso. Agora, em um novo lp ("Vida Difícil", CBS), Léo assume um lado mais romântico, sem entretanto, desprezar totalmente a faceta bem humorada em alguns momentos. Mesmo quando fala da solidão amorosa em Brasília - e gravando para isto um reggae de um brasiliense, Renato Mattos, composto em 77, intitulada "Um Telefone é Muito Pouco". Aliás, diz Léo, que Mattos é um ator e pintor, baiano, candango, "uma figura muito louca, incrível, constrói instrumentos, e o trabalho atual dele é todo experimental". O momento de maior humor do disco é entretanto, "Cobra Venenosa", parceria com um ex-companheiro dos Miquinhos, o Selvagem Big Abreu - naturalmente com uma letra sapeca, de duplo sentido ("Eu sou uma cobra venenosa/Que pica, que pica/ E tenho dois dentinhos afiados/Que picam, que picam"). Léo Jaime diz que esta música esteve presa por 3 anos na Censura. E não esconde sua inveja do Ultraje a Rigor, que, este ano, com "Galinha Mary Lou" emplacou o Carnaval. Por isto, diz: - A "Cobra" é aquele velho humor brasileiro carnavalesco, aquele mesmo esquema da "Cabeleira do Zezé", "É dos Carecas que elas Gostam Mais..." Há muitas canções suaves no disco de Léo Jaime, quase apaixonadas. Para um ex-Miquinho Selvagem, imagem irreverente e desbocada, não deixa de surpreender. Mas tem explicação: - "A história do palavrão acabou mesmo. Não é por causa da censura, não. É que eu cansei de fazer esse tipo de adolescente. Já tem marmanjo demais, aí, posando de adolescente. Já tem muita gente por aí com música com palavrão. Para variar, quero escrever como um adulto, me vestir como um adulto... Temas pessoais, por exemplo, eu sempre fiquei meio assim de gravar, eu me escondia atrás do personagem. Agora, nesse disco, tem "Briga", tem "Amor", que, pessoalmente, é o que eu gosto mais".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
07/12/1986

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