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Aramis

Latinidade

Os ventos liberalizantes após o já tardio [sepultamento] do AI-5 estão estimulando, finalmente, as gravadoras a se encorajarem a lançar elepes da música latino-americana com seus intérpretes-compositores mais conscientes. Assim é que "Viva Chile!" (Copacabana, COLP 12378), com o grupo Inti-Illimani, [formado] por Max Berru [Crio], José Seves Sepulveda, Horácio Salinas Alvarez, José Miguel Vargas, Jorge Larrana Ga, e Horácio Vidal, traz um punhado de canguês que, em absoluto, devem estar sendo executadas naquele país. Basta ouvir as letras de músicas como "Cancionn Del Pol Poder Popular" (Luís Advis-Júlio Rojas), "La Segunda Independência" (Kuben Lenna/Ku), "Cueca de La C.U.T." (Central Única Del Lavatore) (Hector Pave), "Simon Bolivar" o "Venceremos" (Sérgio Ortega - Cláudio Iturra), para perceber que por certo este sexteto gravou este elepe antes de setembro de 1973. E não é preciso ser especialista em história latino-americana para entender a razão. Já "Nueva Cancion de Chile", produção de Abilio Manoel para a Bandeirante Discos, distribuído pela WEA, com fonogramas da Intermusique, possibilita que se conheça outros grupos daquele país, com um repertório caçado principalmente nas obras dos falecidos Violeta Parra e Victor Jarra (fuzilado no Estádio Nacional do Chile, em setembro/73). Com Los Curacas temos "Caliche" (Calatambo Albarracin), Patrício Manns interpreta sua composição "América Novia Mia", Los Quatro Cuartos cantam "Si Vas Para Chile" (Chito Fato), o grupo Illapu mostra "Acuarela Andina" (Fernando Sepulveda), o Quilapayun interpreta "Mia Patria" e o mesmo Inti-Illimani, dos [elepes] anteriormente citado, canta "Alturas". As estrelas maiores deste disco são, entretanto, o próprio Victor Jarra interpretando "Canto Libre"), Violetá Parra (Casamiento de Negros"), e seus filhos Tita ("A Dos Cantores Del Mundo"), Angel ("El Cigarrito", do Victor Jarra) e Isabel (mais Patrício Castilho) ("los Pueblos Americanos"). Uma outra mostra da música latino-americana é a que Martin Coplas, argentino de origem indígena, 5 anos de Brasil, nos dá em "Hermano Americano" (CID, 8029, 1979), produzido por Mário Alberto Machado, com direção artística do próprio Coplas, definido no texto de jornalista Ney Gstal, do "Correio do Povo", como um artista argentino que "chegou com o violão debaixo do braço e uma grande [vontade] de mostrar seu trabalho". Fixando-se no Rio Grande do Sul, procurou conhecer tudo sobre o folclore gaúcho, a transição da cultura musical de seus pais para o nosso, o ponto onde se mesclam as colonizações espanhola e portuguesa. Viajou muito pelo interior, realizando espetáculos, trabalhando com alguns dos nomes mais importantes do folclore gaúcho. "E de todos estes contatos, ficou-lhe a certeza que somos povos irmãos, aos quais falta maior conhecimento mútuo", diz Ney Gastal, avaliando as composições de Martin Coplas reunidas neste elepe dos mais interessantes, onde "Coplas canta um canto de união, um canto para que todos nos demos as mãos". Somando a composições próprias, canções de outros autores argentinos, Martin Coplas dá uma importante contribuição, num lp que merece ser ouvido com atenção. Português de nascimento, surgindo há quase 10 anos com canções românticas ao estilo de "Adriana" e "Pena Verde", Abílio Manoel assumiu o latinismo nos últimos 3 anos: viajou por todo o continente, gravando, filmando em super 8 e pesquisando - e como resultado reuniu um material da maior importância. Ao lado da produção de discos, como "Nueva Cancion de Chile", esta influência latina está patente nas 11 faixas de "Becos & Saídas" (Som Livre, 403.6175), seu novo elepe, que pode ser melhor explicado pelo texto de contra capa que ele próprio preparou: "Há pouco mais de dez anos, o início. Dessa época, uma música que diz muito de nós: "Catavento". Fala da volta às [coisas] simples, à mulher amada, o abraço, os abraços, os amigos, o canto profundo do homem da Terra. Terra, país, continente. Milho Verde. Peão & Viola. Los Pueblos, a mesma coisa. Todos somos um pouco de onde nascemos e muito do que vivemos. Acima de tudo uma idéia: a música como uma bandeira comum do homem latino-americano. Aquele que faz da canção sua luta e sua vida como Di Pablo Milanês, compositor de "Nueva Trova Cubana", em "Pobre del cantor". Abílio Manoel dedica seu disco há vários amigos - de Jarra e Geraldo Vandré - e canta com emoção e razão, canções que vão da "Moças da Minha Rua" a "Reis & Folias" - uma adaptação livre do folclore de Abilio Manoel. Enfim, um compositor-pesquisador preocupado em sentir melhor a terra, o homem e passar uma mensagem.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
37
13/05/1979
Lendo o artigo do Tablóide Digital entitulado "Latinidade", existem vários erros de informação sobre os artistas chilenos. O LP "Viva Chile!" do Grupo Inti-Illimani (editado na Europa pelo selo Intermusique), lançado aqui no Brasil pela extinta Copacabana, não podia ser executada no Chile, pois o grupo estava exilado na Itália e todas suas primeiras matrizes dos LPs, foram destruídos por ordem de General Augusto Pinochet, e foi proibida a fabricação de vinil naquele país, somentes fitas cassetes eram permitidas. O LP "Viva Chile!" na verdade foi REGRAVAÇÃO dos temas folclóricos chilenos(Canción del Poder Popular, Venceremos, Rin Del Angelito, o instrumental Alturas, Cueca de la C.U.T, Tatati também instrumental), tema equatoriano (Longuita), temas Bolivianos(Subida, La Fiesta de San Benito, Ramis), temas uruguaios (La Segunda Independencia, A Simón Bolivar) que o grupo fez durante seu exílio para divulgar seu trabalho pela Europa, já que todas as matrizes foram destruídas no Chile. Existem também erros de gráfica do LP que foram lançados no artigo como Kubben Lenna, o certo é Rubén Lena compositor uruguaio, C.U.T. está como Central Unica del "Lavoratore" na verdade é Central Unica del Trabajador. Há também outra observação que fiz no artigo de que Tita Parra mencionada como filha de Violeta Parra, na verdade Tita é neta de Violeta Parra, sua mãe claro é a Isabel Parra. Como esse Artigo foi publicado em 1979, e 30 anos depois lendo na internet, fiquei impressionado como não houve nenhuma investigação precisa e minuciosa para retratar sobre os artistas do Chile e que fizeram história com o movimento musical chamado "Nueva Canción de Chile", e todos exilados por medo da repressão do General Pinochet, já que eles defendiam a ideologia de Socialismo naquele país, principalmente Victor Jara, que morreu covardemente fuzilado tocando sua guitarra e cantando "Venceremos" do compositor já falecido Sergio Ortega. Aposto que se o Abílio Manuel leu o artigo também deve ter encontrado vários erros, que é um profundo conhecedor se tratando de folclore latino-americano, principalmente da "Nueva Canción Chilena". Um Abraço Paulo de Abreu Junior - Rio de Janeiro - RJ

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