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Aramis

Joyce ao vivo. Maravilhosa!

O canto das mulheres continua belo. Independente das superstars Simone, Beth Carvalho e Marina - há outros discos marcantes, de gente da maior competência. Joyce, por exemplo, após dois álbuns-homenagem (a Vinícius de Moraes e Antônio Carlos Jobim), optou por uma gravação longe dos estúdios: "Joyce ao Vivo", gravado no Teatro Clara Nunes, Rio de Janeiro, nas noites de 13 e 14 de março de 1989, a partir do show roteirizado e dirigido por Túlio Feliciano, revela exatamente a intenção da cantora, passando uma intensa vibração e emoção. Numa arquitetura musical de improvisações e sutilezas harmônicas, transcorre toda a concepção do disco do qual participam os músicos Alfredo Cardim (piano), Bruce Henry (baixo acústico), Tuti Moreno (bateria) e Raul Mascarenhas (sax e flauta). Na percussão, as presenças de Gordinho e Claumir Jorge, e nos vocais misturam-se músicas inéditas e algumas releituras de uma carreira que sempre se notabilizou pelo crescimento vertical, em constante sintonia com uma privilegiada coerência. Assim o disco abre com "Feminina" e fecha com "Mulheres do Brasil", verdadeiros hinos de Joyce, em seu universo feminino. Dentro do mesmo clima, "Mistérios" (parceria com Maurício Maestro), "Monsieur Binot" - gravada em estúdio, a capela, unido o canto de Joyce às quatro vozes do Boca Livre. Dentre as inéditas em discos, constam a antropofágica última letra de Fernando Pinto musicada por Joyce chamada "Pindorama Blues", a contagiante "Barraca no Metrô" (Joyce), a canção em homenagem ao capitão Sérgio (do Caso Paramar), denominada simplesmente "Capitão" (Joyce / Fernando Brant), gravada em estúdio com a companhia vocal de Chico Buarque. De Tracy Chapman, Joyce fez a versão de "Falando de uma Revolução". Completando, temos uma emotiva releitura de "Aos Pés da Santa Cruz" (Marino Pinto / Zé Gonçalves, 1942). Ficaram guardadas para o futuro CD, as gravações de "Dans mon Ile" e "Chanson Douce", ambas de Henry Salvador, paixão antiga de Joyce nos tempos do 78 rpm e que ela conheceu em Paris, no ano passado, num almoço memorável no "Fouquet's", "onde ele me contou sobre suas experiências no Brasil nos tempos do Cassino da Urca, com Grande Otelo e tudo". Vamos aguardar, portanto, o CD.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
19
25/02/1990

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