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Aramis

Jethro e Genesis, os bons tempos do rock

Como o público que consome a chamada música jovem renova-se praticamente a cada ano, um excelente marketing de vendas está na reedição de elepês de grupos que, dos anos 60 para cá, tiveram influência neste mercado extremamente mutável. Assim, desde discos produzidos por iniciativas de lojistas, como o esperto Virgílio Savarim, de Curitiba, ou a reedição de um álbum do grupo Nazareth, sugerido por Emilson Pohl, o competente divulgador da Polygram - que vendeu mais de 25 mil cópias na reimpressão - até o surgimento de etiquetas especializadas, como a Brasdisco, de São Paulo, que vem fazendo reedições de sucesso, há possibilidades da geração nascida já nos anos 70, que agora se entusiasma pelo som pop, possuir os discos que fizeram a cabeça de seus irmãos e amigos mais velhos. A BMG/Ariola, possuindo o amplo catálogo da RCA e suas representadas, recolocou nas lojas três dos melhores álbuns que surgiram nos anos 70. De princípio, um álbum fundamental na tentativa de aproximar o pop do sinfônico: a gravação que a London Symphony Orchestra, com regência e arranjos de David Palmer, fez de seus maiores sucessos. "A Classic Case" foi um momento especial para mostrar que as músicas de Jethro Tull - conjunto britânico formado há 21 anos - resistia a arranjos mais profundos. Com a participação de Martin Barre, Peter Vitesse, David Pegge e, especialmente, do líder Ian Anderson, há momentos de grande beleza. Anderson era a figura mais marcante do grupo exótico (vestia-se como um mendigo maluco e nos shows tocava flauta com a agressividade usada pelos guitarristas) ao ponto de, quando o grupo praticamente se desfez, ter se retirado para um castelo na Escócia dedicando-se à criação de salmões. Outra reedição importante é "Duke", com o grupo Genesis, formado também em 1967, por alunos de uma mesma escola inglesa: Peter Gabriel (vocais), Anthony Philips (guitarra), Tony Banks (teclados) e Michael Rutherford (baixo). O sucesso do grupo começou em 1972, com "Foxtrot", quando dois dos fundadores - Philips e Mayhew - já haviam sido substituídos pelo baterista Phil Collins e pelo guitarrista Steve Hackett. O som do Genesis caracterizava-se pelos arranjos sofisticados e pelas letras épicas e seus álbuns foram marcantes - especialmente "Trespass", "Nursery Crime", "The Lamb Lies Down on Broadway", "Abacab" e este "Duke", agora reeditado. Pouco a pouco, os seus integrantes partiram para carreiras solo e todos hoje são famosos. A reedição de "Duke" permite conhecer um trabalho de 8 anos passados, quando Collins, Rutherford e Tony Banks já formavam um trio - embora com a presença especial nos backing vocals de Dave Hentschel. Do mesmo grupo, em álbum com capa dupla, belíssimas ilustrações, "A Trick of the Tail", produção anterior a "Duke" - e que como vários outros projetos que as superbandas da época ofereciam tinha um ponto de unidade. Rutherford, Banks, Collins e Hackett estavam na época de "A Trick of the Tail" no auge de sua criatividade, o que sente-se em temas como "Dance on a Volcano" e "Los Endos". Ouvindo-se grupos como o Jethro Tull e o Genesis, percebe-se como o rock já foi mais inteligente.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
12
21/02/1988

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